Razões Africanas: Jefferson Mello lança documentário que faz paralelo entre escravidão e musicalidade africana

WhatsApp-Image-2024-11-01-at-08.55.46-e1730492152977.jpeg

O projeto audiovisual estreia no Brasil em 21 de novembro e conta a história do blues, do jongo e da rumba

Dos porões dos navios, na travessia transatlântica dos negros escravizados, o soturno som do sofrimento dos cânticos se traduziu em uma vibrante polirritmia, que ecoou pelo mundo, como um legado cultural do continente africano. Esse é o pano de fundo do documentário Razões Africanas, do diretor Jefferson Mello, que percorreu seis países para desbravar as histórias por trás do blues, do jongo e da rumba. 

A obra audiovisual nasce a partir da diáspora africana para abordar a herança africana que produziu esses 3 ritmos musicais, consolidados mundialmente, e estreia no próximo dia 21 de novembro em seis capitais brasileiras. Em seguida, o documentário segue o cronograma de estreias em mais nove cidades em todo o país, nas cinco regiões. 

Segundo o diretor, o  filme segue a jornada de três personagens em seis países, revelando as origens africanas comuns a esses estilos musicais. Jefferson Mello, destaca a importância da reparação histórica e do diálogo intercultural, valorizando tradições e culturas. “A narrativa começa em Angola e percorre o caminho dos congoleses, abrangendo Brasil, EUA, Cuba, Congo e Mali, oferecendo um retrato profundo e íntimo desses gêneros musicais e sua identidade cultural”, explica. 

Jefferson revela que o lançamento oficial do Razões Africanas foi realizado em Angola, no dia 1º de novembro, privilegiando o continente africano, protagonizando a região. Ainda segundo ele, a produção do documentário contratou equipes de profissionais locais, agindo de forma diferente quando norte-americanos e europeus vão gravar no continente. 

Esse é o pano de fundo do documentário Razões Africanas, do diretor Jefferson Mello, que percorreu seis países – Foto: divulgação.

“Um dos objetivos é valorizar a África, dar protagonismo, e trabalhar com africanos é ser coerente com a proposta inicial do projeto. Não se pode fazer um filme sobre a África, sem africanos. Além disso, os profissionais se sentiram muito valorizados e isso também facilitou o trabalho, executá-lo com pessoas nativas de cada localidade. Lembrando que não é comum isso acontecer, normalmente, os cargos que ‘sobram’ para os africanos são de motoristas e seguranças, mas optamos por dar o protagonismo a eles, aos parceiros”, revela o diretor. 

Razões Africanas é um filme universal. Um legado que valoriza as tradições, promove o diálogo entre as culturas e as distintas visões de mundo que aborda e que são os maiores representantes do espaço francófono mundial. A obra é um retrato delicado, intimista e musicalmente profundo em imagens e entrevistas com músicos e especialistas no assunto que traçam o resgate da identidade destes gêneros musicais na valorização de suas culturas.

Produzido pela Tremè Produções, o documentário valoriza a “Mãe África” e a ancestralidade nos três ritmos musicais, criando uma expectativa grande em torno das histórias e dos personagens da obra audiovisual. “A expectativa é que as pessoas fiquem emocionadas porque, atualmente, o jovem está muito mais impactado pelos novos ritmos do que pelos que já são consolidados e pouco sabem dessa ancestralidade. E um dos nossos objetivos é apresentar aos jovens africanos, o quanto a África é importante no cenário musical mundial”, finaliza Jefferson Melo. 

Sobre o diretor

Jefferson Mello, brasileiro e cidadão do mundo, é fotógrafo de moda e publicidade, diretor de fotografia e de filmes publicitários, empreendedor e documentarista, com uma trajetória especializada na diáspora. Dedicou duas décadas capturando a essência do samba e do jazz no Brasil, em Nova Orleans e no mundo. Com uma jornada que abrange 12 países, explorou as raízes do jazz, percorreu o sul dos Estados Unidos e criou um livro de fotografias sobre o universo do jazz, intitulado “Os Caminhos do Jazz”. 

Além de suas contribuições visuais, dirigiu o documentário “Samba & Jazz”, refletindo seu compromisso com a representação da música afro e da ancestralidade africana nos ritmos musicais. Dirigiu e produziu o documentário “Brasil & Angola”. Atualmente, está filmando um novo filme sobre o racismo no futebol, com uma abordagem global sobre o tema, que contará também a história dos Camisas Negras. Seus projetos cinematográficos transcendem fronteiras, impactando países e continentes. 

Leia mais notícias: Após condenações, parentes de Marielle e Anderson questionam: “Quando serão condenados os mandantes?

Deixe uma resposta

scroll to top