O filme Regra 34, da diretora Julia Murat, ganhou o Leopardo de Ouro, o prêmio máximo do Festival de Locarno, na Suíça. A atriz Sol Miranda é a protagonista do longa e, durante a premiação, fez um discurso forte e emocionado.
“Me sinto muito honrada em fazer parte deste filme. E quero muito que nos próximos anos tenhamos mais meninas negras, meninas trans aqui. Porque isso é sobre oportunidades. Para que Locarno e todos os outros festivais possam oportunizar mulheres como eu estarem aqui é preciso que vocês, realizadoras, produtores, diretores se abram para Além das caixinhas em que somos colocados. Isso é sobre oportunidades”, afirma a atriz.
Sol, que é nascida em Brás de Pina, zona norte do Rio de Janeiro, lembrou que foi escolhida por ser uma mulher negra que tem coincidências com a personagem, Simone. Uma jovem negra que acabou de passar para a defensoria pública e pagou seus estudos fazendo performance on line de sexo como camgirl.
“Quando Júlia escreveu essa personagem, inicialmente, não seria para uma atriz negra. Ao me contar que eu fui selecionada, ela disse o seguinte: – Tem algo na personagem Simone que eu não consigo acessar e você, Sol, é inacessível. Júlia não me escolheu por ser negra, mas por ter encontrado traços entre mim e a personagem. Mas eu só pude ser opção porque Gabriel disse a ela: esta personagem é uma mulher negra. Após os medos com a complexidade da personagem, ela assume os riscos de ter uma mulher negra como protagonista. Isso fala sobre oportunidades. Eu, como uma mulher negra, vinda de favela, jamais me imaginaria aqui hoje”, comenta.
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O Filme
Regra 34 é produzido por Tatiana Leite e Murat, em uma coprodução com a França. Questões como punitivismo, feminicídio, e justiça num país desigual perpassam o filme ao lado da discussão do desejo pela violência. A personagem Simone atende mulheres vítimas de violência doméstica, no entanto, seus próprios interesses sexuais a levam a um mundo de brutalidade e erotismo.
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