No Brasil, 9,8 milhões de jovens abandonaram a escola e não possuem o ensino básico, segundo a pesquisa “Juventudes fora da escola“. O levantamento realizado pela Fundação Roberto Marinho e o Itaú Educação e Trabalho, usam dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua 2022), e foi divulgado nesta segunda-feira (11).
A pesquisa divulgada em colaboração técnica com o Instituto Datafolha, ouviu mais de 1,6 mil jovens com idades entre 15 a 29 anos, e 58% deles estão fora da escola sem completar a educação básica. Segundo a pesquisa, 70% deles são negros. Questionados sobre o retorno ao ambiente escolar, 73% dos entrevistados tem desejo de voltar a estudar.
“São dados alarmantes e que estão relacionados com um ciclo de pobreza. A gente observa que essa realidade afeta muito mais os grupos já vulneráveis”, lastimou Rosalina Soares, assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho. O número de alunos fora da sala de aula representa 19,9% da
população dessa faixa etária.
Segundo os dados, a maioria dos jovens que abandonaram a escola são homens, vem de famílias com renda de até um salário mínimo. Conforme o levantamento, 86% deles já ultrapassaram a faixa etária adequada para frequentar o ensino regular e, a maior parte (43%) não tem sequer o ensino fundamental completo.
“Há uma tolerância social em relação a esse problema. Quando falamos de uma população que tem, em sua maioria, entre 20 a 29 anos, a sociedade acha que eles têm mesmo é que trabalhar. Mas o futuro desses jovens será muito prejudicado por causa do abandono dos estudos“, declara Rosalina.
Os dados mostram que o principal motivo que traria esses jovens de volta à escola seria a possibilidade de um emprego melhor no futuro. O estudo aponta que 34% deles afirmam não conseguir encontrar vaga no horário que têm disponibilidade para estudar, e em instituições de ensino perto de casa.
“A gente vem de uma tradição que dissocia o trabalho do estudo, mas ajudar o jovem a se aproximar do mundo do trabalho e se formar para isso é muito positivo”, diz superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue.
Ainda sobre o perfil desses jovens, o estudo mostra que 28% deles são indígenas, 33% são da área rural e 35% possuem alguma deficiência.
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