Varejo, logística, transporte são alguns dos setores que não tem férias nas festas de fim de ano, responsáveis por movimentar a economia na época festiva
Enquanto parte da população desacelera entre o Natal e o Ano-Novo, alguns setores da economia brasileira entram justamente em seu período mais intenso de atividade. Comércio, logística, alimentação, turismo e serviços essenciais operam em ritmo acelerado durante as festas de fim de ano, sustentando um dos momentos mais importantes do calendário econômico nacional.
O varejo é o principal deles. Entre novembro e dezembro, o setor concentra datas estratégicas como Black Friday, Natal e liquidações de fim de ano, responsáveis por uma fatia significativa do faturamento anual das empresas. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o Natal é a principal data do varejo brasileiro, movimentando dezenas de bilhões de reais e exigindo funcionamento ampliado de lojas físicas e virtuais.
Outro setor que não para é o de logística e transporte, impulsionado pelo crescimento do comércio eletrônico. Com o aumento das compras online, empresas de entrega, centros de distribuição e transportadoras operam em regime reforçado para dar conta do volume de pedidos, especialmente nas semanas que antecedem o Natal. Esse movimento se estende até o início de janeiro, com trocas, devoluções e entregas represadas.

A alimentação também segue em plena atividade. Supermercados, atacarejos, padarias, restaurantes e serviços de buffet ampliam horários e equipes para atender à demanda por ceias, confraternizações e eventos de fim de ano. O mesmo ocorre no setor de turismo e hotelaria, que concentra alta ocupação em cidades turísticas, litoral e destinos de festas populares, como réveillons e eventos públicos.
Além disso, há os serviços essenciais, que funcionam de forma ininterrupta independentemente do calendário festivo. Saúde, segurança pública, limpeza urbana, energia, água, transporte público e telecomunicações mantêm operações contínuas, garantindo o funcionamento das cidades durante o período.
Esses setores não param porque o fim de ano representa um pico simultâneo de consumo, circulação de renda e deslocamento de pessoas. O pagamento do 13º salário, a concentração de férias e o apelo das datas comemorativas ampliam o consumo das famílias e pressionam cadeias produtivas inteiras. Para a economia, trata-se de um momento decisivo para o fechamento do ano fiscal de muitas empresas.
É nesse contexto que o mercado de trabalho temporário ganha força. Projeção da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) aponta que cerca de 535 mil vagas temporárias são abertas no Brasil entre outubro e dezembro, impulsionadas principalmente pelo comércio, logística e serviços. O volume representa um crescimento em relação ao ano anterior e confirma o fim de ano como um dos períodos de maior contratação do país.
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Dados da CNDL indicam que comércio e serviços concentram a maior parte dessas vagas, com funções ligadas a vendas, atendimento ao cliente, reposição de mercadorias e operações logísticas. Em muitos casos, os contratos têm duração média de dois a três meses e parte dessas contratações pode resultar em efetivação: estimativas do setor indicam que cerca de 20% dos temporários são incorporados ao quadro fixo após o período sazonal.
Embora essas vagas representem uma oportunidade de renda extra ou reinserção no mercado de trabalho, elas também revelam uma face estrutural da economia brasileira: a dependência de mão de obra intensiva em períodos de alta demanda, muitas vezes com jornadas estendidas e trabalho em feriados.









