Progressistas são majoritariamente brancos, mais escolarizados e defendem cotas, aponta estudo

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Foto: André Gomes de Melo

Os brasileiros que se identificam como progressistas militantes formam o grupo mais escolarizado, de maior renda e menos religioso do país, mas também o mais isolado socialmente. É o que mostra um levantamento inédito sobre o comportamento político no Brasil, que aponta que esse isolamento tem favorecido o avanço do populismo de direita.

De acordo com a pesquisa “Populismo e progressismo no Brasil polarizado”, realizada pelo think tank More in Common em parceria com o instituto Quaest, os progressistas militantes representam apenas 5% da população, mas concentram o maior nível de instrução e renda entre todos os grupos ideológicos analisados. Segundo o estudo, 53% têm ensino superior, 37% ganham mais de R$ 10 mil por mês e 41% afirmam não ter religião.

Enquanto boa parte da população brasileira dá mais importância à família e à fé, os progressistas colocam como prioridade temas ligados à justiça social e ao combate às opressões de raça e gênero.

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Foto: André Gomes de Melo

As opiniões desse grupo foram fortemente do restante da sociedade. Apenas 30% acreditam que menores infratores devem ser presos, índice que chega a 100% em outros segmentos, e apenas 5% concordam com a ideia de que “direitos humanos atrapalham o combate ao crime”. Menos de 10% rejeitaram as cotas universitárias, e a confiança em instituições como a Igreja e as Forças Armadas fica abaixo de 20%, bem menor do que os cerca de 50% registrados entre os demais grupos.

Esses eleitores são majoritariamente brancos (57%) e se identificam com partidos de esquerda, especialmente o PT (39%) e o PSOL (16%). Eles se destacam pela defesa de causas ligadas à igualdade racial, de gênero e à justiça social, e pelo apoio expressivo a políticas afirmativas, como o sistema de cotas, rejeitado por apenas 10% do grupo.

O estudo também indica que os progressistas têm posições mais moderadas em temas como segurança pública: apenas 30% defendem prisão para menores e menos de 5% acreditam que os direitos humanos atrapalham o combate ao crime.

Foto: André Gomes de Melo

Para o pesquisador Pablo Ortellado, diretor da More in Common, o distanciamento entre esse grupo e o restante da população cria um vácuo de diálogo, explorado por líderes populistas de direita. “O isolamento intelectual e social do progressismo alimenta o discurso de que uma elite quer impor seus valores ao povo conservador”, afirma.

A pesquisa ouviu 10 mil brasileiros entre 22 de janeiro e 12 de fevereiro de 2025 e identificou seis grupos ideológicos: Progressistas Militantes (5%), Esquerda Tradicional (14%), Desengajados (27%), Cautelosos (27%), Conservadores Tradicionais (21%) e Patriotas Indignados (6%).

Os dois maiores blocos, Desengajados e Cautelosos, somam 54% da população e representam brasileiros menos envolvidos politicamente, que se mantêm fora da polarização entre lulistas e bolsonaristas. O estudo reforça que, embora minoritário, o progressismo militante exerce forte influência cultural, mas ainda enfrenta o desafio de reconectar-se com a maioria social.

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