Jonathan Batista se torna primeiro bailarino da Cia Pacific Northwest Ballet (EUA)

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Com apenas um ano na Cia Pacific Northwest Ballet (EUA), o bailarino clássico Jonathan Batista deixa o cargo de solista para brilhar como bailarino principal em uma das maiores companhias de balé do mundo, a partir desta sexta-feira (23).

Da CDD para primeiro bailarino da Pacific Northwest Ballet – Foto: Fabrizio Carneiro

Jonathan, que é cria da Cidade de Deus (CDD), Zona Oeste do Rio de Janeiro, engrandece o feito lembra que não esquece de suas origens. “Torno-me o primeiro bailarino negro em 50 anos da história da companhia a alcançar essa posição principal. Estamos vivendo um momento muito importante no meio da dança, e do balé clássico, onde estamos redefinindo a diversidade e inclusão de bailarinos negros através do nosso talento e arte”, declara. 

O artista ainda relembra o início de sua carreira quando começou a estudar balé na CDD. “Comecei meus estudos na Cidade de Deus no projeto UNICOM, com a professora Viviane Carvalhal, onde fiquei por 4 anos, eu era o único menino a fazer as atividades de dança, em particular o jazz e o balé”, revela.

“Após meu início com a dança em base clássica, fui encaminhado para a Escola de Dança Alice Arja, por onde passei 4 anos estudando o balé clássico até o momento em que recebi bolsa de estudo integral para a escola do English National Ballet, em Londres, na Inglaterra. Lá, tive a oportunidade de conhecer em profundo o mundo profissional do ballet clássico, sendo exposto a escolas e companhias de balé da Europa”, relembra.

Talentos negros

O bailarino ainda fala sobre a importância de incentivar futuros artistas e mostrar as potências escondidas em corpos negros, nos mais diversos espaços do Brasil. “Acredito na importância das crianças e jovens terem referências de artistas negros em destaque. Um homem negro, retinto, no ballet clássico, sejam elas por um papel de Príncipe de obras como, O Lago dos Cisnes, Cinderella, A Bela Adormecida, ou até mesmo criarmos e darmos vidas a novos personagens de identidade negras. É sim possível ter um príncipe negro e eu sou a prova disso”, orgulha-se.

Dançando como o Príncipe Siegfried no terceiro ato de O Lago Dos Cisnes com o Pacific Northwest Ballet – Foto: Angela Sterling

“Ainda no Brasil, eu não me via representado, e mesmo ao chegar ao exterior a representatividade era mínima, havia somente um bailarino para cada posição, seja no corpo de baile, solista ou principal, e em alguns espaços, o corpo negro era inexistente”, completa.

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Jonathan agradece toda sua caminhada e diz que seu objetivo é mostrar para outras pessoas negras que elas podem sonhar e executar. “Sou extremamente grato por ter uma jornada frutífera, e neste momento histórico, o meu foco é continuar a abrir portas e gerar visibilidade para talentos negros”, finaliza.

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