“Ajudamos a criar um espaço de conscientização seguro”, diz professora sobre luta contra a discriminação racial na escola

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O Dia Internacional de luta pela eliminação da Discriminação Racial é comemorado nesta quinta-feira (21), desde 1966, por decisão da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde então, a data é usada para estimular o combate ao racismo, em diferentes áreas. Uma delas, é na educação. Em entrevista ao Notícia Preta, a professora Lavini Castro explica como levar essa luta para o ambiente escolar.

Agir reconhecendo e promovendo atitudes antirracistas, em sala de aula, diante de situações de discriminação racial, estimulamos as pessoas a refletirem suas próprias atitudes e responsabilidades diante do racismo. Ajudamos a criar um espaço de conscientização seguro em sala de aula para discutir o problema e imaginar um mundo ideal sem racismo“, conta a docente que também é mestre em Relações Étnico Raciais.

Foto: Pexels

Segundo a especialista, a melhor forma para eliminar a discriminação racial é com conhecimento, “através de uma educação que priorize a reeducação do olhar e ouvidos para identificar as situações de discriminação racial de forma cotidiana“. Para a professora, dessa forma é possível “superar um discurso defensivo que ou nega o racismo ou afirma que ‘aqui todos são iguais e que não há racismo’, que é uma forma não critica de enxergar a realidade racial brasileira“, diz Lavini.

Segundo um levantamento feito pala ONG Todos Pela Educação, em 2015 houve o maior número percentual de escolas que responderam ter projetos contra o racismo, chegando a 75,6% das instituições. Já o menor número foi registrado em 2021, quando apenas 50,1% das escolas responderam ter ações contra o racismo.

Para Lavini, a taxa diminuiu ao longo dos anos, por falta de investimento e “engajamento das instâncias do governo do setor responsável – o Ministério da Educação (MEC) – em interceder nas ações das secretarias e estas na unidades de educação para que haja entendimento de adesão das ações de combate a discriminação racial“, diz a professora, que continua:

É preciso identificar de que forma os pressupostos das Leis estão chegando nas escolas, e creio que a realização de diagnósticos também é válida para entender mais sobre as ações que, mesmo de forma isolada e sem apoio das instituições, já vem sendo realizadas“.

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Lavini acredita que a educação “tem um papel fundamental em valorizar os grupos historicamente discriminados para o conjunto da comunidade escolar e criar condições para que todas as pessoas reconheçam seu pertencimento racial“. Por isso, a professora também pontua que os docentes precisam ter um posicionamentos contundentes, “buscando levar as pessoas envolvidas na discriminação racial a entender o que acabou de acontecer“.

Logo em seguida o importante é o acolhimento a pessoa que sofreu discriminação, promovendo escuta ativa carinho e apoio para que a criança que sofreu racismo seja envolvida num ambiente seguro, para que entenda que ela não é responsável pelo racismo que não foi ela quem gerou a situação de discriminação racial“, explica.

Mas para isso acontecer, é importante que os profissionais de educação estejam preparados. Essa é mais uma demanda defendida por Lavini. “Devemos estar atentos para as formações dos professores e gestores, criar grupos de estudos e pesquisas sobre a temática nas escolas, organizar oficinas pedagógicas em ERER, seminários e palestras com especialistas no tema, encontros mensais/quinzenais com professores e gestores e toda comunidade escolar“.

Questionada sobre o que espera sobre o futuro da educação antirracista, a professora pontua que “não há como ter uma postura neutra diante do racismo“, e que “é preciso defender uma educação mais diversa que inclua a todos os grupos raciais“.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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