“Thiagson”, como é conhecido o professor de música clássica Thiago de Souza, compartilhou que sofreu ameaça de morte em sua rede social na última semana. Em uma das mensagens enviadas por um perfil chamado “bolha neonazista”, dizia que iria estuprar, esquartejar e e jogar Thiago ‘no rio pros jacarés’. Thiago estudou música clássica na Universidade de São Paulo (USP), mas depois decidiu exaltar o funk, em seu perfil nas redes sociais.
As ameaças ao professor deixaram de serem feitas exclusivamente no seu Instagram, e passaram a ser recebidas também em seu WhatsApp. Outra mensagem diz que Thiago será ‘quebrado na porrada’, pelo grupo “Monarquistas da USP”. Em seus vídeos, o professor fala sobre música no geral, e a herança preconceituosa e racista que é atribuída a gêneros musicais como o funk.
Thiago que afirma que as pessoas não gostam de funk no ambiente acadêmico, diz também que por criticar valores que não haviam sido criticados antes, causa um certo estranhamento.
Thiago dividiu com seus seguidores em seu Instagram os relatos das ameaças sofridas. “Sou grato por toda a preocupação de vocês […] Mas acho que qualquer solidariedade é muito pra essa situação tragicômica. Sinceramente, a rotina intensa de um trabalho que amo e a paternidade nem me dão tempo de me preocupar com ameaças assim. DE VERDADE, EU QUERO É MAIS!”, disse ele.
O professor é doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e acumula mais de 146 mil seguidores em seu Instagram. Em conversa com advogados, perguntou quais medidas deveria tomar, mas seu conteúdo não foi modificado.
Ao ICL Notícias, Thiago disse: “Meu trabalho na internet desde sempre desperta ódio político. […] As pessoas têm uma ideia de que o funk é uma falta de opção, que a pessoa não pôde estudar música, então vai fazer funk. No meu trabalho, falo um pouco desse preconceito contra a cultura preta e da periferia. Mostro que as concepções de música são eurocentradas, totalmente dominadas pela cultura do homem branco europeu”.
E completa: “As redes sociais nutrem esse ódio, mas a gente não pode naturalizar”.
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