Os baianos Lucas e Orelha, depois de vencerem o Superstar da TV Globo, em 2015, e conseguirem se manter em alta durante a pandemia, com as publicações de mashups nas redes sociais, lançam o primeiro DVD da carreira, “Lucas & Orelha Ao Vivo”, nesta sexta-feira (12). Os mashups, composição criada a partir da mistura de duas ou mais canções pré-existentes, se tornaram marca registrada da dupla durante o período de isolamento social.
Apadrinhados pelo cantor Thiaguinho, a dupla, que se conheceu no colégio, passou a flertar com o pagode, mas o DVD viaja também pelo R&B e pelo pop. Segundo eles, com o intuito de influenciar jovens artistas negros e periféricos. “Com a nossa música, queremos transmitir amor, alegria, revolução, liberdade e fazer com que outros jovens pretos se enxerguem na gente”, afirma Lucas.
Lucas, o mais “conversado” da dupla, como eles mesmos dizem, lembra que a todo momento os artistas negros passam por situações complicadas e que minam a energia e as inspirações. “Acho que pra nós, que somos pretos, não existe momento de descanso, todo momento é de provação. Um momento de descaso com nossa música e cor, então descansar nunca foi uma opção”, analisa.
Os dois, que já foram backing vocals de outros artistas, dizem que as inspirações são diversas, mas, no caso de Orelha, não especifica apenas um. “Tenho algumas referências, curto muitas coisas, não consigo definir uma principal referência”, revela. Já seu parceiro musical vai mais além e faz uma salada de ritmos quando se fala em referências. “Tenho algumas inspirações musicais como Chris Brown, Bryson Tiller, Tray Songz, Thiaguinho, Emicida, entre outros”, afirma Lucas.
Dificuldades mesmo com visibilidade
Se é difícil para artistas que têm visibilidade, como é o caso da dupla, imagina para os periféricos que não possuem a mesma mídia. Ambos comentam que o SuperEstar abriu algumas portas, mas, ainda assim, para os artistas negros, o mercado fonográfico é um tanto fechado. “Não é novidade dizer o quão complicado o mercado pode ser para artistas pretos, passamos por várias coisas, várias portas fechadas, mesmo vencendo um programa em rede nacional. Mas volto a dizer que seguimos fazendo o nosso trampo e inspirando outros jovens pretos a seguirem seus sonhos, desistir jamais será uma opção”, afirma Orelha.
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Para Lucas, mesmo com as portas abertas pelo programa, as dificuldades continuaram para a dupla, mas eles sempre tiveram os pés no chão e vontade de crescer. “O Superstar nos abriu muitas portas, fez com que nosso nome fosse conhecido no Brasil, mas ainda temos dificuldades. Por mais que saibam quem somos, que entendam o nosso potencial, saibam da entrega do nosso trabalho, que vejam e aplaudam os nossos números nas plataformas, algumas portas ainda se mantêm fechadas. Às vezes dá vontade de chegar com o pé e falar ‘estamos aqui, olha!’”, comenta Lucas.
Eles lembram ainda que o sonho sempre foi viver de música e o Superstar deu uma alavancada na carreira, combinado com outros projetos da dupla. “Tem que ter uns ‘agora vai’ várias vezes, sabe? Temos uma missão aqui nessa terra e precisamos mostrar pros nossos que somos incríveis e imparáveis”, finaliza.
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