“Acredito que se parecem muito nesse contexto”, diz o baixista Fernando Rosa sobre o racismo no Brasil e EUA

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Um dos maiores nomes do jazz brasileiro, o baixista Fernando Rosa, foi aos Estados Unidos pela primeira vez para tocar com um artista americano de Jazz. Assim como o Samba no Brasil, o Jazz nasce da cultura negra, sendo sinônimo de reafirmação cultural e resistência ao racismo. 

Fernando Rosa é um dos maiores nomes do Jazz no Brasil e reconhecido internacionalmente – Foto: Marcos Hermes

“O racismo, infelizmente, existe em muitos lugares. Principalmente em países que utilizaram da escravidão de outros povos em suas origens. Tanto o Brasil quanto os EUA tiveram essa prática. Então, acredito que eles se pareçam muito nesse contexto”, afirma Fernando sobre a vivência nos dois países.

Nascido na periferia de São Paulo, Fernando teve seu primeiro contato com a música dentro da própria família, seu avô, mãe e tios tocavam de forma amadora na igreja. Já na escola, começou a fazer aulas de violão incentivado pela mãe. Conheceu o baixo e, aos 14 anos, já participava de uma banda, fazendo turnê por todo o país. “A música entra na vida de um garoto negro e periférico como peça importante de transformação social”, relembra.

Aos poucos, Fernando foi conhecendo e se apaixonando pelo jazz. Passou a estudar profundamente o ritmo afro-americano, que se misturou em suas produções autorais com música brasileira, soul, hip hop, experimental e Fusion. “Eu me apaixonei (pelo jazz), principalmente pela improvisação que é um recurso muito utilizado nesse estilo”, diz o baixista.

“Para mim, ‘escola musical’ é um termo que transcende instituições. Abra a mente, ouça de tudo e não crie facções. Influencie-se, mas ache seu caminho, você é um ser único igual a ninguém. Use a mente e seus dedos, mas use principalmente o seu coração. Ele tem ritmo e vai ditar a cadência certa para fazer que a sua música seja sempre verdadeira”. 

O músico conquistou visibilidade no Brasil e no mundo, ganhando diversas premiações e sendo considerado um dos baixistas mais influentes pelo portal Scott’s Bass Lessons (o maior e mais influente canal de contrabaixo do mundo). Além disso, possui grande alcance em suas redes sociais com vídeos que chegam a 2 milhões de visualizações e mais de 467 mil seguidores no Instagram. 

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Todo seu trabalho é marcado por autenticidade e sensibilidade, como ele mesmo diz. “Use a mente e seus dedos, mas use principalmente o seu coração. Ele tem ritmo e vai ditar a cadência certa para fazer que a sua música seja sempre verdadeira”, sugere. 

Marca própria

Fernando Rosa é o primeiro músico brasileiro a entrar no rol de artistas da Ernie Ball Music Man, fabricante americana de instrumentos musicais, célebre por fazer guitarras, baixos e amplificadores para artistas como Eric Clapton, Jimmy Page, Paul McCartney, Keith Richards, Lenny Kravitz e mais uma legião de grandes músicos. A fábrica projeta lançar um baixo com a grife Fernando Rosa. 

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