“A peruca ou lace é um artigo pessoal”, alerta dermatologista

f10921b4e60c280f9a8d007f11747786.jpg

Depois do jogo da discórdia do Big Brother Brasil (BBB 23), no qual Cezar Black deu uma “bomba” para Tina Calamba, após ela se recusar a emprestar sua lace durante uma das festas da casa. A própria analista de marketing e modelo desacreditou que havia sido citada pelo enfermeiro por se recusar a emprestar uma de suas perucas para ele.

O debate repercutiu na internet, virou meme e rendeu posts nas redes sociais, mas também levantou a reflexão sobre a importância das laces para quem as usa e os limites do compartilhamento de objetos pessoais. 

Tina se recusou a emprestar a lace para Cezar Black no BBB 23 – Foto: Reprodução/Redes sociais

Historicamente, as laces são ferramentas de empoderamento, principalmente para as mulheres negras. As perucas, que podem ser feitas de fibras artificiais ou de cabelo humano, permitem que essas mulheres passem por momentos como a transição, doenças que afetam o couro cabeludo ou até mesmo mudanças por estética.

Para além das questões sobre empoderamento, a Dra Katleen da Cruz, Dermatologista Especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, fala sobre os cuidados com o empréstimo do item. “A peruca ou lace é um artigo pessoal, que ao ser usado por outra pessoa pode ser contaminado com piolho, pode embaraçar os fios e até mesmo ficar com odor, caso não lave e nem seque corretamente”, afirma.

“Não é um item intransferível, mas deve ser emprestado para alguém que você conheça bem, que seja cuidadosa e que entenda a importância do item que não é barato, que precisa ser penteado e lavado com frequência”, completa.

O trancista e Hairstylist Uagner Rosado fala sobre a importância do cuidado com o item. “De cabelo humano ou fibra, a lace precisa ser muito bem cuidada, seguindo um cronograma de higienização (com shampoo) e posteriormente usando cremes de tratamento para cuidar/ tratar os fios como a gente costuma fazer com o nosso próprio cabelo”, disse.

Rosado também fala sobre os cuidados com o compartilhamento. “Cada lace se adapta ao formato da cabeça de cada indivíduo. Eu sempre falo paras as minhas clientes que pra elas desembaraçarem, hidratarem, cuidarem como se realmente fosse um filho. Emprestar esse item fica a escolha de cada pessoa. Se a pessoa for compartilhar, ela tem que ter a noção de que é uma pessoa que vai cuidar muito bem da lace, seguindo os protocolos de cuidado”, finalizou.

Na saída do confinamento, Tina falou sobre o tema. “Desde muito nova eu nunca achei uma referência de mulher preta com meu tipo de cabelo e foi um caminho muito longo. Eu sou uma mulher que vem de um histórico de fazer química, relaxamento, de não saber lidar com a textura do cabelo. Tentei várias vezes a transição e não ia. É bem cultural a mulher africana ficar mudando o cabelo o tempo inteiro”, diz a modelo.

Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

Deixe uma resposta

scroll to top