Paulo Guidelly, cria do “Nós do Morro”, é destaque na novela portuguesa “Cacau”

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Ator brasileiro passou dos palcos para o audiovisual em superprodução de Portugal

O ator brasileiro Paulo Guidelly acaba de estrear na televisão portuguesa na novela “Cacau”, superprodução da TVI, emissora líder de audiência no país. Dirigida pelo também brasileiro Edgar Miranda e escrita pela portuguesa Maria João Costa, “Cacau” estreou no dia 15 de janeiro e traz Guidelly como o baiano Tiradentes, personagem de destaque na trama.

A produção lusitana tem como cenários Lisboa e Bahia, e pretende levar o espectador em uma jornada pelas plantações de cacau de Itacaré, na Bahia, onde mora o personagem de Paulo, o brasileiro Tiradentes. Além de ser dono do bar mais frequentado da cidade, o Chopp Real, o baiano é orgulhoso da sua ancestralidade preta que remonta ao tempo dos primeiros escravos do império.

Paulo Guidelly, durante as gravações da novela /Foto: Comunicação TVI

História é, inclusive, uma grande paixão de Tiradentes, e sua importância ultrapassa a ficção. “Por iniciativa da Maria João, nos comunicamos muitas vezes para discutir as pautas que o Tiradentes levanta. Ela tem consciência que é uma mulher branca e portuguesa, e me deu lugar de fala”, conta Paulo. O desejo pela reparação histórica que, de alguma forma, sane as questões sociais deixadas pelo legado imperial será uma grande motivação para o personagem.

“Cacau”, que tem previsão de ultrapassar a marca de 200 capítulos, deve manter Guidelly entre continentes nos próximos meses. “Estamos em um ritmo intenso de gravações e posso dizer que tem muitas surpresas e viradas nessa história. Adianto que o Tiradentes estará envolvido em momentos importantes e chaves dessa trama”, revela.

Ator há 19 anos, Guidelly dividiu sua formação entre a Unirio no Rio de Janeiro, cidade onde mora hoje, e a Escola de Arte Dramática da USP em São Paulo, cidade onde nasceu. Ele esteve em grandes produções do teatro infantil que viajaram pela América Latina, mas foi em “Oboró – Masculinidades Negras”, espetáculo de 2020 dirigido por Rodrigo França, onde se encontrou.

Foi um marco na minha carreira por que consegui me encontrar como artista preto, periférico e homossexual, entendendo que posso transformar essas narrativas em arte genuína e potente”, celebra Paulo, que não está distante dos debates levantados por seu personagem em “Cacau”.

Grande parte da sua formação também aconteceu com o grupo de teatro “Nós do Morro”, onde Guidelly ingressou como aluno em 2013 e atua, desde 2023, como multiplicador. São 10 anos da relação entre o ator e o projeto, localizado no Morro do Vidigal e fundado por Guti Fraga.

Tenho muito orgulho da minha trajetória no grupo, o Nós do Morro me trouxe de volta ao mundo das artes, estava em um momento que queria encontrar novos desafios na carreira e foi lá que encontrei. Tenho um agradecimento eterno por eles”, afirma Paulo.

Além de “Oboró – Masculinidades Negras” e as montagens do “Nós do Morro”, como “Tempestade” (2015), “Noites do Vidigal” (2016) e “Modus Operandi” (2021), todas teatrais, Guidelly já transitava pelo audiovisual no Brasil em produções como “Egum”, premiado como “Melhor Curta” na Mostra de Cinema de Tiradentes em 2019. Pelo mesmo curta, Paulo recebeu os prêmios de “Melhor Ator” no Festival de Cinema de Vitória e no Curta Taquary.

São trabalhos que me ajudaram muito para esse momento da minha carreira, o audiovisual é um lugar onde sempre quis estar e pretendo continuar a investir nele”, complementa. Para 2024, o ator, além da novela “Cacau”, poderá ser visto na série “O Jogo que Mudou a História”, do Globoplay, e no filme “Bandida”, que chega aos cinemas brasileiros em maio.

Guidelly já tem planos para depois do fim das gravações da trama portuguesa. Ele retornará à capital carioca que o acolheu e no radar, está a pesquisa cênica que irá realizar para “Em minha pele Satã”, projeto sobre a figura icônica das noites do Rio de Janeiro, Madame Satã.

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