Para ampliar caixa eleitoral, partidos miram candidaturas negras

eleicoes.jpg

A voter scans a finger while registering to cast a ballot at a polling station during the first round of presidential elections in Rio de Janeiro, Brazil, on Sunday, Oct. 7, 2018. Brazilians are putting their young democracy to a political stress test, going to the polls deeply divided after years of corruption and recession have pummeled faith in their institutions. Photographer: Dado Galdieri/Bloomberg

Após a aprovação da nova regra que muda a forma de distribuição do dinheiro público para campanhas eleitorais, partidos políticos têm se desdobrado para conseguir viabilizar candidaturas negras e de mulheres. 

Partidos buscam candidaturas negras para aumentar caixa – Foto: Dado Galdieri/Bloomberg

A proposta, aprovada pelo Congresso, prevê uma espécie de “bônus” para as legendas que mais conseguirem votos para candidatos dessas duas categorias. Se a regra estivesse em vigor, os valores poderiam chegar a R$5,9 milhões a mais para custeio de publicidade, cabos eleitorais e viagens. 

Na América Latina, o Brasil é o antepenúltimo país em questões de representatividade, ficando apenas na frente do Chile e do Paraguai. A medida tem sido vista com bons olhos por parlamentares e especialistas mais efetiva do que as atuais cotas de candidatos para aumentar a presença de mulheres e negros no Legislativo do País.

Representatividade nas Legendas

Se a regra já estivesse em vigor, os partidos PSOL, PT, PSL, PCdoB e Avante seriam os mais beneficiados, de acordo com o levantamento da consultoria Neocortex e do Instituto Millenium com dados do Tribunal Superior Eleitoral. Por outro lado, PSD, PP, DEM, MDB e PSB, sairiam perdendo devido ao baixo índice de representatividade de mulheres e negros nas legendas. 

Leia também: 44.3% candidatas negras sofreram agressões racistas durante as eleições, segundo levantamento do Instituto Marielle Franco

Considerando o valor pago nas eleições de 2020, o PSOL aumentaria seu caixa em R$5,9 milhões, passando para R$46,5 milhões para investir nas campanhas. 

Para a professora de Ciência Política da Fundação Getulio Vargas (FGV), Graziella Testa, o aumento no financiamento deve ter um efeito maior do que a obrigação de reservar 30% das candidaturas para mulheres. “Foi quando começamos a usar um instrumento do financiamento de campanha que vimos um aumento que pode ser considerado que a regra funcionou. Então, aumentar o recurso tende a ter, sim, um resultado muito bom no aumento da participação”, disse ela em entrevista ao Estadão. 

A professora também ressalta que a mudança é necessária, mas alerta que a representatividade precisa estar também nas tomadas de decisão. “É uma medida importante e fundamental, mas é preciso que as mulheres estejam também no comando desses recursos”, conclui.

Deixe uma resposta

scroll to top