Países ricos e poluidores tem dívida climática de US$36 trilhões com a África, diz relatório

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O novo relatório da ActionAid “Quem deve a quem?” revela que países ricos não estão pagando compensações pelos danos que causados pela poluição na atmosférica e pela crise climática. Segundo os dados, essas nações deveriam repassar US$ 36 trilhões aos para países africanos, sem considerar reparações por exploração econômica contínua e promessas de financiamento não cumpridas.

Além disso, o estudo aponta que os países africanos deveriam receber pelo menos US$1,4 trilhão por ano em financiamento climáticos. O valor cresce ainda mais ao incluir outros países de baixa e média -baixa renda. A pesquisa, que o analisou 74 nações nessa categoria, revela que os países ricos acumulam uma dívida climática de US$ 107 trilhões — mais de 70 vezes o valor que a dívida externa total desses países, que soma US$ 1,45 trilhão.

As alterações climáticas são intensas e frequentes em países africanos /Foto: FAO/L. Dematteis

A ActionAid alerta que essa dívida climática impede investimentos em direitos básicos da população, gerando impactos devastadores sobre a maioria das pessoas, especialmente em mulheres, jovens e pessoas de baixa renda. 

Divida externa e juros abusivos agravam a crise

O relatório também destaca que as dívidas não pagas aos países africanos superam em muito as obrigações financeiras impostas a essas nações. Em 2024, os países de baixa renda da África destinaram o valor de US$60 bilhões em pagamentos de dívidas externas contraídas com países ricos, credores privados e instituições financeiras globais. Esse montante diminui o investimento em serviços públicos essenciais, como saúde e educação.

Além disso, o documento denuncia o impacto do Sistema Global de Classificação de Crédito, que contribui para a crise da dívida africana. O continente é submetido a taxas de juros exorbitantes em seus empréstimos, com uma média de 9,8%, enquanto países ricos, como a Alemanha, pagam apenas 0,8% em média.

A pesquisa também aponta que este ano pode ser decisivo para alinhar o sistema financeiro internacional ás necessidades dos países de baixa e média baixa renda.

A União Africana já declarou que 2025 como o “Ano das Reparações”, com oportunidades de enfrentar injustiças históricas e  problemas atuais resultantes da arquitetura financeira internacional herdada do colonialismo. 

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Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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