Estudo revela que gatos foram domesticados no norte da África, e não no Egito

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O estudo também destaca a influência do Império Romano na disseminação dos gatos pelo Mediterrâneo e pela Europa a partir do século II a.C. - Foto: Pexels

Uma nova análise genômica conduzida por pesquisadores da Universidade de Roma Tor Vergata traz uma reviravolta sobre a origem dos gatos domésticos. O estudo aponta que a domesticação dos felinos pode ter começado no norte da África, com destaque para a região onde hoje está a Tunísia, e não no Egito, como sugeriam teorias populares e representações culturais amplamente difundidas.

A pesquisa, liderada pelo geneticista Claudio Ottoni, analisou 70 genomas de felinos antigos e 17 de gatos selvagens atuais, coletados em sítios arqueológicos distribuídos pela Europa e pelo norte da África. O objetivo era reconstruir a trajetória evolutiva dos gatos e identificar suas linhagens ancestrais. Os resultados mostraram que os gatos domésticos modernos compartilham um ancestral comum mais próximo das linhagens selvagens africanas, reforçando o papel da região como centro inicial da domesticação.

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O estudo também destaca a influência do Império Romano na disseminação dos gatos pelo Mediterrâneo e pela Europa a partir do século II a.C. – Foto: Pexels

Embora não tenha sido possível analisar DNA de gatos do Egito, os especialistas ressaltam que a iconografia egípcia, a primeira a retratar gatos em convivência doméstica, continua essencial para compreender como esses animais passaram a ocupar posições de destaque religioso e social no Norte da África. A ausência dessas amostras, afirmam os pesquisadores, limita conclusões definitivas, mas não impede a identificação das linhagens mais antigas.

O estudo também destaca a influência do Império Romano na disseminação dos gatos pelo Mediterrâneo e pela Europa a partir do século II a.C. À medida que Roma se expandia, os felinos eram levados como estratégia de controle de pragas, acompanhando deslocamentos militares e rotas comerciais. Esse trânsito ajudou a espalhar não apenas os animais, mas também práticas culturais relacionadas à convivência com eles.

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A análise genômica amplia uma visão antes restrita ao DNA mitocondrial, responsável por apenas uma fração da herança genética. Com técnicas mais completas, os pesquisadores conseguiram observar a complexidade da domesticação e a diversidade dos felinos ao longo dos séculos.

As descobertas reforçam a importância do norte da África na formação de elementos fundamentais da vida cotidiana global, incluindo a relação milenar entre humanos e gatos. Estudos futuros, especialmente com a possível extração de DNA de gatos mumificados, poderão aprofundar esse entendimento e reposicionar ainda mais o papel histórico das populações africanas na construção do mundo contemporâneo.

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