Um conjunto de organizações da sociedade civil lançou recentemente uma cartilha didática com o objetivo de esclarecer de forma acessível e crítica, como funciona o sistema tributário brasileiro e por que ele sustenta desigualdades estruturais.
A publicação busca traduzir em linguagem de fácil acesso e exemplos concretos o funcionamento dos tributos, destacando como a atual configuração penaliza sobretudo a população negra, feminina e periférica, que custeia, proporcionalmente, com uma parcela mais pesada da carga tributária, enquanto as camadas mais ricas se beneficiam de isenções e privilégios.
O formato visa aproximar o debate público do cidadão comum, mostrando que a tributação está vinculada com injustiça social, racial e de gênero, questões que, segundo entidades como Oxfam Brasil, Inesc e Instituto Justiça Fiscal, precisam ser encaradas com urgência.
A cartilha foi lançada como parte da campanha “Tem Um Elefante na Sala” (expressão que simboliza um problema visível, mas ignorado), cujo lema é evidenciar a urgência da justiça fiscal no país. As instituições envolvidas planejam também distribuir vídeos educativos, cartazes e materiais explicativos em transporte coletivo e em comunidades, com o intuito de mobilizar diferentes públicos para a reflexão sobre desigualdade tributária.
“A injustiça do sistema atual sobrecarrega os mais pobres e beneficia os super-ricos”, disse a diretora-executiva Viviana Santiago, e ainda ressalta que “mulheres negras e populações periféricas arcam com a maior parte da carga tributária via consumo”.
Ao ampliar o acesso à informação, a cartilha propõe não apenas conscientizar, mas empoderar a população para pressionar por mudanças legislativas e formas mais progressivas de tributação, como a taxação de altas rendas e lucros. A iniciativa representa, assim, uma ação concreta de jornalismo social colaborativo, que entrega conteúdo educativo a quem mais sofre o peso de um modelo fiscal desigual.
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