“Ocorre uma queimadura química”, alerta  especialista sobre pomadas recolhidas pela Anvisa

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No carnaval muitos foliões apostam em um visual diferente para curtir a festa. Essas mudanças incluem tranças e penteados. Neste momento os consumidores precisam ficar atentos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão da venda de todas as marcas de pomadas para cabelo e o recolhimento de mais cinco marcas, do mercado. Tais produtos geralmente são utilizados na confecção de tranças afro.

A decisão foi tomada de forma preventiva, após o número de casos de intoxicação ocular relacionados ao produto aumentar. Somente durante as prévias do carnaval do Recife e de Olinda, 68 pessoas foram atendidas com problemas na visão. De acordo com a médica oftalmologista Dra. Liana Tito Francisco, a substância que causa a lesão ainda não foi identificada.

“O que já é bem estabelecido é que ocorre uma queimadura química, provocando lesões pequenas ou extensas na córnea. A córnea é uma estrutura transparente, que fica na região anterior do bulbo ocular”, disse a médica.

Anvisa suspende a venda de pomadas, após aumento de lesões oculares. Foto: Bárbara Souza

A Dra. Liana também explica o que é a cegueira temporária, recorrente do contato do produto com os olhos. “Ocorre principalmente pela incapacidade do paciente em abrir os olhos devido a intensa dor provocada pela lesão na córnea. Em associação a esse quadro, o embaçamento visual causado pela lesão e o inchaço das pálpebras e conjuntivas, culminam com a dificuldade de enxergar”.

A médica informa que ao perceber os primeiros sintomas – como dor, vermelhidão ou sensação de corpo estranho – a pessoa deve buscar assistência médica. O tratamento adequado evita o agravamento do quadro. Ela também faz um alerta. “É sempre importante lembrar que a lesão corneana é uma porta de entrada para bactérias e outros microrganismos , podendo levar a úlcera de córnea, uma condição potencialmente grave para o olho”.

Os produtos são usados na confecção de tranças e penteados afros. Foto: Pexels

A trancista Vanessa Cristine Pereira Batista afirma que nunca teve problemas com as pomadas usadas, mas costuma orientar suas clientes. “Mesmo antes da restrição, sempre passei os cuidados que deveriam tomar”, diz a profissoinal que trabalha com tranças há três anos.

Vanessa confessa que foi pega de surpresa com a decisão da Anvisa. “Foi impactante de início. Fiquei indignada por recolherem até as pomadas com selo e autorizadas pela própria Anvisa”.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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