Com redução de políticas públicas, número de pessoas negras que morreram com Aids no Brasil subiu em 10,4%

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Um relatório divulgado pela United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS), no Brasil, revelou que enquanto houve queda de 9,8% na incidência de Aids entre pessoas brancas, entre os anos de 2010 e 2020 enquanto que entre pessoas negras a doença cresceu 12,9%. A representante do Unaids no Brasil, Claudia Velasquez, afirmou que os números refletem o racismo estrutural, e classificou o quadro como “inaceitável”. 

O relatório revela que o número de pessoas que têm acessos à prevenção à doença depois da exposição ao vírus diminuiu no país, sendo de apenas de 0,86% das pessoas atualmente no país. Estando atrás do alcançado por Senegal, Haiti e Bahamas, por exemplo.  

Para Velasques é indispensável “garantir que as comunidades e as pessoas vivendo ou convivendo com o HIV e a AIDS estejam no centro das estratégias, das políticas e das ações desenvolvidas”.

“Desiguladades criam barreiras”, defendeu Velasques / Foto: Pexels

O relatório considera como base dados do Ministério da Saúde entre 2010 e 2020. De acordo com o relatório, as populações atendidas refletem nas mortes em decorrência a manifestações da doença ou doenças correlatas. Enquanto as mortes causadas pela Aids, reduziram em 10,6% na população branca entre pessoas negras, foi registrada uma alta de 10,4%.

Claudia Velasquez, afirmou que “Como mostra nosso relatório, as desigualdades criam barreiras que impedem as pessoas em vulnerabilidade de acessar estes serviços. Violência de gênero, masculinidade tóxica, racismo estrutural, estigma e discriminação e pobreza extrema são apenas algumas das manifestações das desigualdades para os quais é necessária uma ação imediata e coordenada entre os diversos níveis de governos, setor privado e sociedade civil”, disse a representante da Unaids em mensagem divulgada esta semana.

Desmonte dos programas de prevenção

Com os cortes no orçamento do Ministério da Saúde que chegaram a R$ 3,3 bilhões, nos últimos cinco anos os programas que distribuem medicamentos para tratamento de HIV, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais foram os mais afetados, sendo retirados dos programas R$ 407 milhões em recursos.

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De acordo com Boletim Epidemiológico Especial HIV/Aids do Ministério da Saúde em  2021, foram registrados 13.501 casos de HIV/aids. Em 2020, 10.417 pessoas morreram da doença. No país já foram registradas 291.695 vítimas no total, desde os anos 1980. 

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