Por Dr. Saulo Gonçalves – Nutricionista Clinico
O racismo no Brasil não está apenas nos xingamentos desumanos e ofensas contra as pessoas. Ele está expresso também em “não ter compromisso, não entender, não buscar apoiar políticas que possam resolver esse problema, que façam com que as pessoas negras sejam incluídas na sociedade”, aponta Catia Maia diretora executiva da Oxfam Brasil.
Segundo a pesquisa, 20,6% das famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas e pretas sofriam com a fome no período observado. Isso significa que um em cada cinco grupos familiares desse conjunto vivia cotidianamente sem acesso a alimentação de qualidade, com incertezas sobre a garantia das refeições diárias e até mesmo totalmente sem alimentos à mesa.
Quando o dado é colocado lado a lado com as observações sobre famílias chefiadas por pessoas brancas, a desigualdade fica explícita. O índice foi de 10,6%, metade do que foi levantado entre pessoas pretas. As mulheres negras apresentaram situação ainda mais frágil; 22% dos lares em que elas estão à frente convivem com a fome. No caso das mulheres brancas o índice é de 13,5%.
O racismo alimentar trata-se de um conceito que entende que a comida pode ser utilizada para agravar desigualdades sociais e estigmatizar, excluir e até dizimar grupos de pessoas. Portanto é urgente pautarmos a democratização da alimentação saudável. A falta de incentivos governamentais como políticas públicas de apoio a sistemas agrícolas saudáveis, cria nichos de mercados e torna o alimento de
qualidade inacessível para boa parte da população.
Comer bem acaba se tornando um privilégio de grupos sociais consumidores, em sua maioria brancos de classe média e alta. Reafirmo que comer precisa ser um ato antirracista, direito que deve ser assegurado a todos.
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