“Não é só rebolar a bunda, devemos ser reconhecidas”, diz Rainha do Carnaval

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A Rainha do Carnaval 2023, Mariana Ribeiro, mais conhecida como Mari Mola, concedeu uma entrevista exclusiva ao Notícia Preta, sobre o universo do samba e do carnaval. Segundo ela, ser passista “não é só rebolar a bunda”, e por isso, a carioca reivindicou que o sambista seja respeitado. A atual rainha explicou o motivo de não vai participar do concurso de 2024, e revelou seus planos para os próximos anos.

Mariana, que trabalha dando aulas de samba para estrangeiras e viajando o mundo representando a cultura brasileira, reivindica que as passistas precisam ser mais valorizadas, já que acredita na valorização profissional do sambista.

“As pessoas ficam sempre falando que carnaval é festa. É sim uma festa e o maior espetáculo a céu aberto do mundo, mas também é um evento que movimenta sambistas e trabalhadores durante todo o ano. Nós trabalhamos com samba, não é só rebolar a bunda, devemos ser reconhecidos como bailarinos, disse Mari.

Além de rainha do carnaval do Rio de Janeiro, ela também foi rainha do carnaval de Estocolmo na Suécia 2023 – Foto: Reprodução Instagram.

Mari Mola começou sua trajetória no samba com 7 anos de idade na ala das crianças da Paraíso do Tuiuti, sua escola do coração e parte da comunidade onde é nascida e criada – Morro do Tuiuti -. Mari sonhava em ser porta bandeira, porém, segundo ela, não levava jeito. Mas ainda no carnaval, se encontrou na ala de passistas e decidiu fazer aulas com vários passistas renomados do carnaval.

“Fiz aulas pra me especializar e me tornar uma boa passista. Fiz aula com a Nilce Fran e com Valcir Pelé da Portela, com a Julyana Clara da Mangueira e com o Carlinhos do Salgueiro, mas sempre estive no Tuiuti contou ela. Carlinhos do Salgueiro inclusive foi quem deu o apelido de “Mari Mola” para a passista, de acordo com o modo de sambar de Mariana, que segundo ele, “parece que tem mola”.

Mari Mola conta que ser Rainha do Carnaval era um sonho um pouco distante, pois se acreditava que havia um padrão pra ser da corte do carnaval carioca. “Eu sonhava em ser rainha de bateria, porque eu via vários corpos, vários estilos diferentes sendo rainha de bateria, mas na corte era sempre o mesmo padrão. Depois de ver Evelyn, Bianca, Uilana Adães, pessoas mais reais, e após o concurso de 2022, me fez entender que esse sonho não era tão distante”, disse ela.

A passista que preferiu não participar do concurso de 2024, revelou estar satisfeita com o seu reinado em 2023. Outras meninas precisam viver isso. A corte amadurece as pessoas, como profissionais do samba e na arte de sambar, e abre muitas portas, e eu preferi viver outros momentos agora em 2024. Mas não fecho essa porta, um dia posso voltar”.

Divulgação do concurso de Rei Momo & Rainha do Carnaval 2024 – Arte de divulgação.

O Concurso da Corte do Carnaval 2024 já está em andamento, e a final acontecerá na próxima sexta-feira (01). O primeiro colocado na disputa será coroado Rei Momo, a primeira colocada será coroada Rainha do Carnaval, enquanto a segunda e terceira colocadas serão anunciadas como princesas do carnaval 2024.

O NP perguntou a Mari Mola se existe alguma candidata que chama mais sua atenção, mas a atual Rainha afirmou que todas são especiais.

“Várias me chamam atenção, e me chama atenção o quanto as meninas buscam estar na corte. Especialmente meninas da série Ouro, série Bronze, que são de escolas que não estão na elite, na televisão. É bonito ver a força delas, ver como o samba ainda resiste em todos os cantos do país e da cidade”, disse.

Além de ser passista e dançarina, Mari Mola também chegou a dar aulas para a educação infantil, mas hoje não exerce mas a profissão. Mas lecionar segue sendo sua paixão.

“Talvez por isso tenha puxado isso pro samba e fui dar aula de samba”, disse ela. Entretanto, Mariana Ribeiro também gosta da área das ciências sociais e história, e afirma que pretende se especializar para poder atuar também em outras áreas do carnaval e do samba, futuramente.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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