Instituto Moreira Salles do Rio realiza oficina de poesia e só convida poetas brancos

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Dos 18 autores convidados para oficina no IMS-RJ, nenhum é negro

Com o título “Oficina Irritada (poetas falam)” um encontro de poesia, realizado pelo Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, irritou muita gente ao se mostrar mais um evento elitista e preconceituoso. Dos 18 poetas convidados nenhum é negro.

A oficina acontece nos dias 7, 8 e 9 de maio e, segundo a organização do evento, conta com “importantes nomes da poesia contemporânea brasileira”. Tentando justificar a ausência, ou melhor, o não reconhecimento do trabalho de poetas negros, o curador da oficina, Eucanaã Ferraz, disse ao jornal O Globo por meio de nota que ele e Bruno Cosentino, também curador do evento, haviam sido pegos “de surpresa” pela discussão em torno dos convidados do evento:

“Talvez a pressa de quem viu o anúncio da programação tenha levado a uma desconsideração das reais dimensões do evento. Não seria possível agregarmos, em três dias, mais do que os dezoito poetas convidados. Será, portanto, um pequeno encontro, ainda que, para uma instituição como o Instituto Moreira Salles, na sua sede carioca, seja maior que os cursos e seminários que costuma promover”.

Dos 18 autores convidados para oficina no IMS-RJ, nenhum é negro

A declaração do curador reforça o racismo praticado pela organização do evento. Era preciso ter 18 poetas mas, em momento algum, eles pensaram em um(a) negro(a). Opção é o que não falta: Ricardo Aleixo, Conceição Evaristo, Cristiane Sobral, Jarid Arraes, Eliane Marques, Ronald Augusto, Elisa Lucinda, entre outros.

Ná página do evento no Facebook a maioria dos comentários criticam a postura racista da oficina “ devia ser (brancos falam)”; “ims o mais novo símbolo da extrema direita” e “poetas (brancos) falam (para brancos)”, foram alguns dos comentários feitos por internautas irritados com o evento que se diz representativo mas não é.

Num reduzido encontro de poetas, a questão do direito não se coloca”
Eucanaã Ferraz, curador da Oficina

Tenando se justificar, a organização do evento diz ter selecionado “diferentes gerações” e “percursos diversos”.

Eucanaã Ferraz – curador da oficina

Eucanãa disse ainda ao jornal O Globo que, devido às suas “dimensões” e “características”, o evento não poderia responder a “demandas sociais”: “Consideramos que a cobrança por representatividade e visibilidade de segmentos importantes da sociedade brasileira deva se dar em torno de direitos  – de indivíduos e/ou de grupos discriminados, alijados, silenciados, invisíveis”, disse ele . “Daí, a justa e imprescindível exigência de efetiva cidadania em instâncias públicas ou de grande alcance público. Entretanto, num reduzido encontro de poetas, a questão do direito não se coloca.”

O curador disse ainda que convidou o poeta Ricardo Aleixo, que é negro, mas ele pode participar por conflitos de data. Como se convidar um negro fosse a cota que justificasse a ausência de outros negros, afinal são 18 poetas.

Os convidados são Francisco Alvim, Paulo Henriques Britto, Angélica Freitas, Laura Liuzzi, Bruna Beber, Fabrício Corsaletti, Antonio Cicero, Yasmin Nigri, Leonardo Gandolfi, Nicolas Behr, Alberto Martins, Rafael Zacca Ana Martins Marques, Alice Sant’anna, Sylvio Fraga Neto Marília Garcia, André Vallias e Marcos Siscar.

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