‘Cia um Brasil’ e Museu da Cidade de São Paulo inauguram a mostra fotográfica ‘Memorial Luiz Gama – 100 anos’

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Exposição fotográfica no Ressaca homenageia Luiz Gama e outros personagens negros, fruto do legado das lutas de Luiz Gama pela República e Abolição

Luiz Gama foi advogado, abolicionista, orador, jornalista e escritor brasileiro e o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Ele, por sua vez, deixou uma extraordinária biografia e seu legado é a base para a exposição fotográfica ‘Memorial Luiz Gama – 10 Anos‘, que começa neste domingo (26), até de 31 de março de 2024.

A exposição é apresentada no Sitio da Ressaca, equipamento do Museu da Cidade de São Paulo, com entrada gratuita. Sob a curadoria de Max Mu – criador e gestor da Cia Um Brasil de Teatro e Artes-, Memorial Luiz Gama – 10 Anos traz imagens capturadas por grandes nomes da nossa fotografia, como Walter Firmo, e seu filho Duda Firmo.

Fotografia de (Duda Firmo), parte da exposição ‘Memorial Luiz Gama – 10 Anos’

Dividida em dois tempos (2013) quando foi inaugurada a primeira edição da exposição, e 2023, com atualização de textos e imagens, a mostra traz análises e homenagens póstumas e fotos históricas de Luiz Gama e outros personagens negros, anônimos ou históricos, um reflexo da atuação de Gama pela República e, especialmente, pela Abolição da Escravatura. As novas imagens e os novos textos miram para uma sociedade onde o letramento racial evoluiu bastante nos últimos dez anos, embora os desafios ainda sejam quase do mesmo tamanho.

Sob a curadoria de Max Mu – criador e gestor da Cia Um Brasil de Teatro e Artes-, Memorial Luiz Gama – 10 Anos traz imagens capturadas por grandes nomes da nossa fotografia: o “mestre da cor” Walter Firmo, seu filho Duda Firmo, em imagens que utilizam grafismo, textura, metafísica e metalinguagem, Eustáquio Neves e sua obra fotográfica de caráter étnico-cultural, Denise Camargo, cuja atuação artística abrange a poética das relações, as matrizes ancestrais das diásporas negras, os corpos, os territórios de resistência social e política, e Deka Carvalho, com seu estilo natural, sensível e profissional.

Com uma atuação virtuosa e de vanguarda no direito, na arte, na imprensa, na política, na educação e na filosofia Luiz Gama põe em xeque os alicerces do racismo estrutural e institucional que garantem a manutenção dos privilégios dos escravocratas por séculos. O nefasto legado escravista do Brasil, por vezes, cria uma verossimilhança entre as relações de classe e raça capaz de confundir ou unificar 1800 a 2024.

Luiz Gama morreu sem ver a República ou a Abolição. Em ambas, suas contribuições foram fundamentais a ponto de ser um grave erro histórico, o esquecimento de Luiz Gama no entendimento de nossos processos abolicionistas e republicanos.

A atemporalidade da exposição pretende ‘desconfundir’, distanciar-nos de uma visão colonial onde graves desigualdades imperam, estabelecendo uma conexão com a utopia da mais alta virtude, onde
poderemos pelo menos inspirar, ou nos inspirar, caso vivê-la seja ainda apenas um sonho
”, diz o curador.

Sobre o Sítio da Ressaca/Museu da Cidade de São Paulo

O Sítio da Ressaca, como hoje é conhecido, foi sede de um sítio localizado nas proximidades do antigo caminho de Santo Amaro, que era banhado pelo córrego do Barreiro, também chamado Fagundes e Ressaca. Situada à meia encosta de uma colina, a Casa data, provavelmente, de 1719, ano inscrito na verga de sua porta principal. Algumas de suas telhas são ainda originais e trazem inscrições do século 18, como a data de fabricação e o nome do oleiro.

As portas e batentes, em canela preta, também são originais. A técnica construtiva empregada neste imóvel foi a taipa de pilão, que consistia em socar o barro com a mão de pilão entre pranchas verticais de madeira (taipal), formando-se assim as paredes externas com cerca de 50 cm de espessura; as paredes internas eram originalmente de pau-a-pique. Introduzida pelos portugueses, essa técnica de origem árabe foi amplamente utilizada pelos paulistas que, devido ao seu isolamento geográfico, dependiam essencialmente do barro como recurso para construção.

Seu último proprietário, Antonio Cantarella, responsável pela urbanização do bairro do Jabaquara, transformou o sítio em chácara, realizando seu loteamento em 1969. Esta modificação coincidiu com a chegada do metrô à região e a desapropriação de mais de um terço da área para instalação do seu pátio de manobras. O Sítio da Ressaca integra a rede de unidades do Museu da Cidade de São Paulo, instituição vinculada à Secretaria Municipal de Cultura. Como bem protegido nas instâncias de patrimônio, o imóvel passou por intervenção de restauro nos últimos três anos, sendo recuperada as paredes e as estruturas externas. 

Serviço:

Exposição fotográfica Memorial Luiz Gama – 10 Anos

Local: Sitio da Ressaca

End.: Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3 – Jabaquara – SP/SP Estação Jabaquara do Metrô, ao lado do Centro Cultural Jabaquara – Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá)

Fotógrafos: Walter Firmo, Eustáquio Neves, Denise Camargo, Duda Firmo e Deka Carvalho

Curadoria: Max Mu

Realização: Cia Um Brasil de Teatro e Artes e Museu da Cidade de São Paulo

Abertura: 26/11/2023, às 15h

Período: de 26/11/23 a 31/03/2023, de segunda à sábado, das 10h às 17h

Entrada Gratuita

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