O relatório Pela Vida das Mulheres: o papel da arma de fogo na violência baseada em gênero, desenvolvido pelo Instituto Sou da Paz, aponta que dentre as mortes de mulheres causadas por arma de fogo no Brasil, 72% das vítimas são negras. Esta é a 4ª edição da pesquisa, com dados de 2023, que apontam que das 3.946 mulheres assassinadas, metade (1.973) foram vítimas de arma de fogo.
Em contrapartida, apenas 26,6% das mulheres assassinadas são brancas. Assim a pesquisa destaca que a taxa de homicídios de mulheres negras (2,2) é duas vezes superior à de mulheres não negras (1,1). Quando há o recorte de idade, a desguldade aumenta: as mortes entre as adolescentes negras, são 80% dos casos.

O perfil das vítimas, segundo o relatório, mostra que a maior parte das vítimas são mulheres entre as jovens e adultas de até 39 anos (59%), proporcionalmente ao número de casos. Mas a partir dos 15 anos, as jovens já começam a sofrer com a violência armada.
“É urgente falar do impacto da violência armada na vida das mulheres e da necessidade de investir em políticas de controle de armas orientadas às questões de gênero”, destaca Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, que indica que essas políticas podem evitar novos casos de feminicídio.
A pesquisa, que também analisa dados do Ministério da Saúde, apontam que Norte e Nordeste possuem as maiores taxas de homicídios femininos, sendo o Sudeste com taixas baixas.
“No contexto em que temos uma grande quantidade de armas de fogo circulando na sociedade brasileira, os dados evidenciam a vulnerabilidade das mulheres à violência armada, tanto nas ruas como dentro de casa. Nesse cenário, é fundamental articular a política de controle de armas à agenda de defesa dos direitos das mulheres, considerando não só a alta letalidade provocada por esse instrumento e o risco de feminicídios, mas também seu emprego nas diversas formas de dominação e controle que marcam as relações desiguais entre os gêneros na sociedade brasileira”, avalia Carolina Ricardo.
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