Mulheres negras são as que mais morrem na gravidez por hipertensão, segundo os dados dos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial, divulgados esta semana. A mortalidade entre mulheres pretas no período de 2010 a 2020, em decorrência da doença, aumentou 5%. Entre mulheres brancas foi registrada uma queda de 6%, entre as mulheres pardas uma queda de 1,6%, e entre as mulheres indígenas, 30%.
As informações são do Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, uma parceria entre as duas pastas, tem o objetivo de monitorar os dados do grupo e auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas de combate ao racismo na área da saúde. O documento detalhou informações de outros indicadores sobre a saúde da população negra.
Para a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente Ethel Maciel, os dados revelados pelo relatório representam uma realidade que segundo ela, não pode ser normalizada.
“É inadmissível morrer de hipertensão durante a gravidez, algo que nós temos vários medicamentos para controlar, temos como fazer o manejo. Infelizmente, tivemos queda em todas as outras categorias, mas, entre as mulheres pretas, tivemos um aumento de 5% nesse período de 2010 a 2020”, pontuou.
A mortalidade proporcional por hemorragia, também foi analisada pelo documento, que mostra que as mulheres indígenas são as mais afetadas. Mas entre as as mulheres pretas foi registrada uma redução de 3,3%, e nas demais categorias de raça/cor (branca e parda), a quantidade permaneceu quase a mesma.
Conforme mostra o boletim, outras doenças também foram fatais para mulheres grávidas no período analisado. Um dos principais causadores de morte materna no Brasil em 2020, foi a Covid-19, representando 22% do total de óbitos registrados. Do total de mortes maternas por Covid-19 registradas no país, 63,4% foram entre mulheres pretas e pardas.
“Toda vez que se tem um evento inesperado, aqui vou colocar a pandemia, aquelas pessoas que já são vulnerabilizadas pelas nossas políticas e pela nossa sociedade são as que mais sofrem o impacto. Então, a mortalidade materna por covid-19 foi maior entre mulheres negras – 63%. A gente precisa mudar isso“, diz Ethel Maciel.
Conforme mostram os dados, mulheres que se declaram brancas tem maior acesso ao exame pré-natal (exame que analisa a saúde do bebê), já que 80,9% delas tiveram acesso a sete ou mais consultas durante a gestação. Em seguida as mulheres amarelas tem mais acesso(74,3%), depois as mulheres pretas (68,7%) e pardas (66,2%), e por último as indígenas (39,4%).
Com os dados da pesquisa é possível analisar o impacto do racismo sendo mulheres pretas as mais atingidas por falta de acesso.
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