699 mulheres foram vítimas de feminicídio no primeiro semestre de 2022, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ainda de acordo com o levantamento, este número é o maior para um semestre desde o início da série histórica.
Em média, foram quatro assassinatos por dia e, em comparação com o primeiro semestre de 2021, houve um aumento de 3,2%, e em relação a 2019, o crescimento foi de 10,8%. “É necessária e urgente priorização de políticas públicas de prevenção e enfrentamento à violência de gênero”, diz o Fórum.
“Olhando os dados de janeiro a junho de 2022, se mantida essa tendência, nós teremos um novo recorde de feminicídios, inclusive quando fechar o ano de 2022. Infelizmente, tudo aponta para um crescimento da violência letal contra meninas e mulheres em decorrência do seu sexo, da sua condição de gênero”, afirma o documento do Fórum.
Regionalização
Com um crescimento de feminicídios de 75%, a Região Norte do Brasil é a que apresentou maio aumento em relação ao primeiro semestre de 2021. Já em relação aos Estados, Rondônia apresentou o maior crescimento de assassinatos de mulheres entre 2019 e 2022, chegando a 225%. Em seguida, aparecem Tocantins (233%) e Amapá (200%), todos da região Norte do País.
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Um dos motivos apontados para o aumento dos casos de feminicídio é a redução no investimento para coibir violência doméstica. Durante os quatro anos do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), o Orçamento propôs uma redução de 94% nos recursos para enfrentamento da violência contra a mulher, em comparação com os quatro anos anteriores ao atual governo.
Entre os anos de 2016 e 2019, o Orçamento Federal para enfrentamento à violência contra a mulher foi de R$ 366,58 milhões. Já o orçamento enviado para o período 2020 a 2023, de responsabilidade do atual governo, o valor indicado foi de R$ 22,96 milhões para políticas específicas de combate à violência doméstica.
“[O atual governo] priorizou uma visão familista ao criar o Ministério da Família e dos Direitos Humanos e o esvaziamento total da compreensão de gênero como eixo orientador das políticas públicas. Neste sentido, um dos principais desafios ao novo governo eleito parece ser restabelecer o entendimento da desigualdade de gênero e poder como elementos centrais para compreensão das violências sofridas por meninas e mulheres, cis, trans e travestis”, finaliza o documento.
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