Os moradores das favelas mais afetadas por tiroteios relataram o dobro de sintomas de depressão (29,6%) em relação a moradores das demais comunidades (15,7%). A pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) divulgada nesta quarta-feira (09), revelou números sobre o impacto da segurança pública na saúde de moradores de comunidade.
A pesquisa Saúde na Linha de Tiro é a terceira etapa do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir. Os números de sintomas de depressão e ansiedade são duas vezes maiores entre moradores de favelas que são mais expostas a tiroteios. Já no caso de insônia, 73% tem um risco de desenvolver esse problema, e 42% tem um risco de desenvolver hipertensão arterial.
Cerca de 30% dos moradores de comunidades submetidas à violência armada relataram efeitos negativos imediatos como sudorese, falta de sono, tremor e falta de ar durante episódios de tiroteio, e 43% dessas pessoas relataram sentir o coração acelerado ao ouvir tiroteios próximos às residências.
Foram entrevistados, em 2022, 1.500 moradores maiores de 18 anos, de seis comunidades cariocas semelhantes do ponto de vista socioeconômico, mas expostas a diferentes níveis de violência armada.
“As comunidades foram divididas em dois grupos: três delas frequentemente afetadas por tiroteios com a presença de agentes de segurança em 2019 e outras três que não são atingidas pelo mesmo tipo de violência, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Foram considerados os tiroteios registrados a um raio de até 400 metros das unidades de saúde desses locais“, conforme explica na descrição do estudo.
Nas comunidades mais expostas a violência do Estado, 59,5% das pessoas disseram que a unidade de saúde já havia sido fechada em algum momento; 31,6% souberam de algum episódio em que profissionais de saúde deixaram de trabalhar e 26,5% informaram que já haviam sido obrigados a adiar a procura por um serviço de saúde em função dos conflitos armados.
No grupo com as três comunidades mais afetadas pelos tiroteios envolvendo agentes do Estado, Nova Holanda, no complexo da Maré, CHP-2, no complexo de Manguinhos e Vidigal, 6,8% dos adultos ficaram impedidos, por pelo menos um dia, de realizar atividades rotineiras, como estudar e trabalhar, por questões de saúde, enquanto nas demais comunidades 4,8% dos entrevistados relataram o mesmo.
A não realização dessas atividades gerou uma perda de R$1.391.209,00 em um ano para os cofres do Esado.
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