“Meu trabalho é ajudar as pessoas através da moda”, diz brasileira fenômeno na Itália

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A moda europeia é referência para o mundo, principalmente com o surgimento das Maison que são ateliês de alta costura que apareceram em toda Europa Ocidental no final do século XIX. Diante disso, o modelo comercial criou uma oportunidade de expansão para esses lugares, tornando-se uma indústria de luxo. Apesar disso, há pessoas que quebram esse sistema. Conheça Joice Ribeiro, a Marioca, uma mulher preta que saiu do interior do Maranhão e hoje ajuda milhares de pessoas a se expressarem com seu estilo próprio.

Marioca faz parte de um movimento de pessoas que estão à frente do seu tempo, lutam para tornar essa indústria secular em algo com mais diversidade. Sobretudo na questão racial, pois, centralizada na Europa, a produção de moda ainda tem como foco o padrão europeu branco.

Joice com vestido de criação do estilista Vitor Zerbinato / Foto: Arquivo Pessoal

A vida de Marioca

Em uma cidade do interior do Maranhão chamada Cururupu nasceu Joice Ribeiro uma mulher preta, nordestina e que na adolescência mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades na educação. Em entrevista para o Notícia Preta ela lembra, “meus pais trabalhavam na lavoura (roça) e eles sempre acreditaram que a educação sempre foi o melhor caminho”, disse Joice.

Ao chegar na capital carioca, logo recebeu o apelido de “Marioca”, uma mistura entre “maranhense” e “carioca”, além de ser uma homenagem à maneira como ela se adaptou e absorveu a cultura do Rio. Assim, esse se tornou o apelido de Joice entre os amigos mais íntimos e uma marca pessoal de referência.

Infância Maranhão / Foto Arquivo Pessoal

No Rio ela começou estudar e precisou trabalhar, aos 17 anos, como vendedora em um shopping onde continuou sua jornada no comércio varejista. Logo depois se tornou-se gerente de vendas e, nesse mesmo período entrou no curso de Direito que cursou por dois anos. Marioca logo trancou a faculdade, pois não se identificava com a carreira. Foi em um curso técnico que ela viu a oportunidade de ingressar no mundo da moda tendo como uma de suas referências como Naomi Campbell modelo que já trabalhou com grandes nomes como Versace, Dior, Balenciaga e posou para diversas capas da revista Vogue.

Outra inspiração foi o atual e único diretor negro da Balmain conhecido como Olivier Rousteing. Assim como Marioca, ele viu na moda a oportunidade de crescimento e ajudar milhares de pessoas que buscam no estilo uma expressão. Além de quebrar o sistema ao se tornar o mais jovem diretor a comandar uma tradicional Maison francesa.

Do Brasil para ganhar a Europa

Marioca lembra do dia que estava rolando o feed do Instagram quando viu uma frase de Caio Carneiro, “se não der para vencer pelo talento, triunfe pelo esforço. Vai na raça, ninguém segura uma pessoa altamente determinada!”. Desde então sua vida mudou.

Em 2019, Marioca saiu do Brasil com destino para a Europa. Ela lembra, “a partir desta citação eu entendi que ninguém pode parar uma pessoa determinada”, afirmou a stylist. A busca pelos seus sonhos a levou para um dos berços da moda na Itália, conhecida por ser o ponto de origem das marcas Gucci, Prada e Fendi.

Joice com a maquiadora Magi Sousa / Foto: Arquivo Pessoal

Com muito esforço chegou à Milão, conseguiu através da determinação empreender como Fashion Blogger, Fashion Stylist e Personal Shopper em uma cidade onde a concorrência para quem trabalha no mundo da moda é grande.

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Workshop em Milão

Apesar disso, ela não deixou essa barreira afastar seus sonhos, principalmente por ser uma mulher preta e estrangeira. Criou forças para investir na carreira, especialmente em fazer consultoria de moda on-line e presencial. Aproveitou as mídias sociais para criar um espaço onde compartilha dicas, experiência e seu estilo.

Assim, a Fashion Stylist de 27 anos prepara seu primeiro Workshop que acontecerá no dia 17 de setembro em Milão. Intitulado de “Sua imagem comunica: desenvolvimento de imagem”, cujo objetivo é tornar pessoas responsáveis pelo ao desenvolvimento de imagem, levar autoconhecimento, tornar aptas para administrar sua imagem e usá-la positivamente em todas as situações da sua vida profissional e social.

De acordo com Marioca, “meu trabalho é ajudar as pessoas a se olharem e encontrarem ou descobrirem a imagem pessoal certa, através da moda”, confirmou a jovem. Contudo, ela se sente menos valorizada no Brasil, por isso expandiu seus serviços para o exterior, “apesar de morar na Itália e ter a maior parte do meu público no Instagram brasileiro não me sinto valorizada no Brasil” desabafou.

Tornando-se uma referência de moda na Itália

Com um público amplo, tanto brasileiro como italiano, Joice possui quase 40 mil de seguidores no Instagram, por meio dessa mídia ela fala sobre as atuais tendências de moda, além de dar dicas. Ela compartilha fotos e vídeos dos seus looks e o cotidiano da sua vida na Itália.

Marioca também está presente em diversos eventos de moda, acompanhando de perto as atuais tendências. Recentemente ela falou sobre a semana da alta-costura que aconteceu em julho em Paris. Além disso, se prepara para acompanhar e comentar em seu Instagram a “The Big Four”, as maiores Fashion Weeks que acontecem neste semestre em Nova York, Londres, Milão e Paris — inclusive estará presente prestigiando a Paris Fashion Week —.

Por fim, a história de Marioca é inspiração para milhares de pessoas que buscam alcançar seus objetivos. Com força e determinação ela ousou, hoje é referência em sua área. Acompanhe mais sobre Joyce e suas vivências no seu perfil do Instagram: @mariocajoice.

1 Reply to ““Meu trabalho é ajudar as pessoas através da moda”, diz brasileira fenômeno na Itália”

  1. Barbara disse:

    OI Matheus,
    Ah, que bacana ver mulheres brasileiras conquistando a Italia.
    Sucesso para ela! Comecei a seguir o perfil dela no Instagram e vou seguir as atualizações.
    Esses dias estava procurando informações com tendências de moda na Italia para este outono-inverno e achei bacana ver que a moda ainda é um movimento, que pode refletir ideais, sonhos, protestos até. Por exemplo tem uma italiana que criou uma startup de roupas que evitam o reconhecimento facial pelas câmeras das ruas das grandes cidades.
    Para entender melhor o que é dá uma olhada aqui: https://www.brasilnaitalia.net/2022/09/roupas-que-impedem-o-reconhecimento-facial.html
    Acho que moda é isso: além de valorizar o corpo, vestir, esquentar (ou não, dependendo da estação) podem ter ideais.
    Saudações da Toscana
    Barbara

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