Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostrou que atualmente o Brasil tem 575.930 médicos com registros ativos nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), com uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, sendo considerada a maior taxa já registrada no país.
Esse crescimento mais que quadruplicou desde a década de 1990, quando eram 131.278 e é caracterizado pela expansão do ensino médico e pela crescente demanda por serviços de saúde. Mas, mesmo com esse aumento, as desigualdades ainda estão presentes na distribuição dos médicos. 52,4% estão concentrados em 27 capitais enquanto os demais 47,6% atuam nos mais de 5 mil municípios do interior.
Em áreas como o Norte e o Nordeste ainda há carência de profissionais de saúde e infraestrutura adequada. Segundo o Donizetti Dimer Giamberardino Filho, Conselheiro Federal pelo estado do Paraná, esse aumento significativo de médicos no Brasil se deve à abertura de novas escolas médicas e aumento de vagas nas já existentes.
“Desde 2014, houve uma proposta de aumento de vagas nos cursos de medicina, nesta data, nós tínhamos 14 mil vagas ingressantes e esse número teve um crescimento, chegando ao número de cerca de 40 mil vagas disponíveis para ingresso no curso de medicina em 2024. Esse fato é muito preocupante porque não basta formar médicos, nós precisamos formar médicos de boa qualidade para que eles, ao desempenharem a sua profissão, a exerçam com segurança à sociedade”, disse.
Entre os profissionais ativos, 46% são médicos generalistas, o que corresponde a 263 mil profissionais. Outros 312 mil (54%) são especialistas. Além disso, no que diz respeito à faixa-etária, para os médicos homens, a idade média é de 47,4 anos e para as médicas mulheres, a média é de 42 anos.
Mulheres agora compõem a maioria dos médicos com 39 anos ou menos, representando 58% em comparação aos 42% de homens nessa faixa etária. Além disso, o Brasil supera países como EUA, Japão, Coreia do Sul e México.
“Em relação ao gênero, como em todas as profissões, a presença feminina é crescente e marcante. Na medicina, os dados demonstram que, abaixo de 40 anos, já existem mais mulheres médicas formadas que homens formados, acima dessa idade, há predomínio de homens. Mas fica claro que, quanto mais jovens essas mulheres forem, maior o percentual de médicas“, destaca Donizetti Dimer Giamberardino Filho.
De acordo com os dados oficiais do levantamento “Demografia Médica CFM” sobre o perfil dos médicos brasileiros em 2024, observa-se um aumento no número de médicas no Brasil. Em 2023, os homens representavam 50,08% do total de médicos, enquanto as mulheres compunham 49,92%.
Prevê-se que, ainda em 2024, o número de profissionais mulheres ultrapasse o de médicos. Notavelmente, entre os profissionais com 39 anos ou menos, as mulheres já se tornaram a maioria, representando 58%, enquanto os homens correspondem a 42% desse grupo.
Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) destaca importantes tendências que merecem atenção. O presidente do CFM, José Hiran Gallo, ressalta que o país está passando por transformações significativas na demografia médica, o que reflete em mudanças nas políticas de educação e distribuição de profissionais de saúde.
“Mantendo-se o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos, em 2028, o País contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento)”, apontou o Presidente do CFM, José Hiran Gallo.
Segundo o levantamento mais recente disponível, com dados de 2021, a média de médicos por mil habitantes nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) era de 3,7. Considerando essa referência, o Brasil avançou consideravelmente em sua posição no ranking da densidade médica. Em 2021, ocupava a 43ª posição, enquanto com os dados mais atuais, alcançou a 35ª posição.
Ainda segundo o Dr. Donizetti Dimer Giamberardino Filho, o Conselho Federal de Medicina vê com muita preocupação o aumento do número de escolas médicas e a expansão das vagas nos cursos já existentes.
“A principal preocupação é quanto à qualidade da formação médica. Sempre foi defendido a abertura de escolas médicas por necessidade social. As escolas médicas não devem ser abertas por motivação política ou mercantil. As ações que o Conselho tem desenvolvido nesse aspecto para evitar esta preocupação é de fazer contatos junto ao Ministério da Educação no sentido que ele faça um rigoroso controle das escolas autorizadas e já em funcionamento e que promova avaliações externas a essas escolas fazendo provas aos seus alunos no segundo, quarto ano e no sexto ano, tentando dessa forma assegurar a qualidade de formação dessas escolas autorizadas”, concluiu.
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O Conselho Federal, por sua vez, em seu papel de proteção da sociedade, desde o ano de 2016, criou o Sistema de Acreditação das Escolas Médicas, chamado SAEM. É um sistema reconhecido internacionalmente desde o ano de 2019, que, após uma avaliação criteriosa e rigorosa, promove um selo de acreditação às escolas que voluntariamente se apresentam para tal.
Esse trabalho está em curso e já foram avaliadas 90 escolas, sendo que atualmente cerca de 40 a 42 escolas foram acreditadas. Essa relação dessas escolas tem uma função de controle social para comunicar à sociedade e às famílias dos jovens que desejam.