Os profissionais alegam que as inteligências artificiais são alimentadas com dados tendenciosos, de atuação das polícias
Mais de dois mil matemáticos norte-americanos assinaram uma carta, publicada nesta segunda-feira (26), pedindo boicote às tecnologias policiais para identificação de suspeitos. Segundo a carta, a intenção é eliminar as tecnologias policiais em sua origem. Ainda segundo os autores do documento, os matemáticos veem com “profundas preocupações o uso de aprendizado de máquina, IA e tecnologias de reconhecimento facial para justificar e perpetuar a opressão”.
De acordo com Brendan McQuade, escritor e estudioso do assunto, o policiamento preditivo, que consiste em aplicação da modelagem por computadores a dados criminais passados para prever atividade criminosa futura, é uma área onde alguns matemáticos habilitaram algoritmos racistas e “treinados, tendem a reproduzir esse preconceito”. Ainda de acordo com McQuade, os dados não falam por si, não são neutros. “Dados policiais são dados ‘sujos’, porque não representam um crime, e sim policiamento e prisões. Então, quais são as suas previsões? Que a polícia deve distribuir seus recursos no mesmo lugar que a polícia tradicionalmente distribui seus recursos”, afirmou.
Na carta aberta, os matemáticos propõem boicote generalizado e recusa de colaboração com a polícia para a produção de tecnologias voltadas para reconhecimento facial tendencioso. “Queremos que as pessoas sejam politizadas e isso é raro em matemática, porque existe essa crença, amplamente difundida e falsa, de que os matemáticos têm algum tipo de ‘superpoder’ para serem objetivos e não influenciados por considerações políticas como qualquer outro ser humano”, afirma a carta aberta.
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