Marina Silva é alvo de agressões sexistas em comissão do Senado e deixa sessão após ataques

image-14.png

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi alvo de ataques misóginos e desrespeitosos nesta terça-feira (27), durante audiência na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado. Convidada a prestar informações sobre os estudos e reuniões para a criação de unidades de conservação marinha na margem equatorial — parte da segunda atualização das áreas prioritárias do ministério —, Marina enfrentou um ambiente hostil por parte de alguns parlamentares.

O episódio mais grave envolveu o senador Plínio Valério (PSDB-AM), que afirmou: “Respeito a mulher, não a ministra. A fala gerou reação imediata da ministra e provocou indignação entre os presentes. O presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), em vez de repreender o colega, pediu que Marina “se colocasse no seu lugar”.

Marina Silva no Senado /Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Diante da falta de retratação por parte do senador Plínio, Marina Silva anunciou que só permaneceria na sessão se houvesse um pedido de desculpas. Sem resposta, ela se retirou da comissão.

Nas redes sociais, a ministra recebeu ampla solidariedade. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, publicou em sua conta no X (antigo Twitter):

Hoje, ela foi desrespeitada, interrompida, silenciada, atacada no Senado enquanto exercia sua função como Ministra do Meio Ambiente. Como mulher negra, como ministra, como companheira de esplanada, sinto profundamente cada gesto de desrespeito como se fosse comigo. Porque é com todas nós. A violência política de gênero e raça tenta nos calar todos os dias, mas seguimos em pé, de mãos dadas, reafirmando que não seremos interrompidas”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também manifestou apoio à ministra, classificando o episódio como inaceitável. Parlamentares, entidades da sociedade civil e lideranças ambientais reforçaram a gravidade da violência política sofrida por Marina.

A assessoria do senador Davi Alcolumbre informou que ele não comentará o caso.

Esta não foi a primeira agressão do senador Plínio Valério contra a ministra. Em março deste ano, ele declarou em plenário que teve “vontade de enforcá-la” após um pronunciamento de Marina que durou seis horas.

Marina Silva foi senadora por mais de uma década e ocupa pela segunda vez o cargo de ministra do Meio Ambiente. Reconhecida internacionalmente por sua atuação ambiental, ela afirmou, ao sair da comissão, que se sentiu agredida e reafirmou que “não irá se submeter”.

Meu lugar é na luta pelo combate à desigualdade, enfrentamento ao racismo e à misoginia”, declarou.

Leia mais: Ministério do Meio Ambiente diz que projeto aprovado no Senado “representa risco à segurança ambiental e social no país”

Luciana Barros

Luciana Barros

Mestra em Ciência Política Cientista Social Professora e Palestrante de Estratégia de Comunicação eleitoral

Deixe uma resposta

scroll to top