O presidente francês Emmanuel Macron causou indignação em representantes de países africanos, após afirmar em uma reunião na última segunda-feira (06), que as nações do continente deveriam ser gratas pelas intervenções militares da França em seus territórios. Em resposta, representantes do Chade e do Senegal, o acusaram de desprezar a África. O comentário é feito em meio a anúncios, como o de Senegal e do Chade, da retirada das tropas francesas do país.
“O Chade expressa sua profunda preocupação após as declarações feitas recentemente [pelo presidente francês], que refletem uma atitude de desprezo em relação à África e aos africanos“, disse o Ministro das Relações Exteriores do Chade, Abderaman Koulamallah. Já o primeiro-ministro do Senegal, Ousmane Sonko, criticou a intervenção. “A França não tem capacidade nem legitimidade para garantir a segurança e a soberania da África“, disse em um comunicado.
O presidente Francês fez a declaração em referência a presença das tropas do país europeu desde 2013, no Sahel, com a intenção de combater ataques terroristas na região.
“Estávamos certos [em nos mobilizar]. Acho que alguém esqueceu de agradecer. Tudo bem, isso virá com o tempo. Mas digo isso por todos os chefes de estado africanos que não tiveram coragem diante da opinião pública de sustentar essa visão. Nenhum deles seria um país soberano hoje se o exército francês não tivesse sido destacado para a região“, disse Macron.
O Ministro do Chade também pontua que “os líderes franceses devem aprender a respeitar o povo africano e reconhecer o valor de seus sacrifícios“, e o primeiro-ministro do Senegal afirmou que a intervenção militar da França desestabilizou países africanos.
Além desses dois países, a Costa do Marfim também anunciou o encerramento da atuação de militares franceses no país. Já Mali, Burkina Faso e Níger ordenaram que as tropas francesas saíssem.
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