O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu nesta quarta-feira (9) à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Em publicação feita em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Lula classificou a medida como uma afronta à soberania nacional e afirmou que o Brasil responderá à altura.
Segundo Lula, “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”. A norma permite que o Poder Executivo adote contramedidas proporcionais, podendo restringir importações de bens e serviços, suspender concessões comerciais e rever obrigações previstas em acordos internacionais, inclusive nos setores de propriedade intelectual e investimentos.

Na mesma mensagem, Lula criticou o tom político adotado por Trump ao justificar a tarifa. O presidente norte-americano alegou que a decisão foi motivada, em parte, pelos “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres” e pela suposta “violação da liberdade de expressão de americanos”, além de defender publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de vítima de perseguição.
Lula foi direto: “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Ele reforçou que os processos judiciais relativos à tentativa de golpe são competência exclusiva da Justiça brasileira, sem espaço para ingerência externa.
O presidente brasileiro também contestou dados apresentados por Trump sobre o suposto prejuízo comercial dos EUA com o Brasil. “É falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit de US$ 410 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil nos últimos 15 anos”.
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Lula ainda ressaltou o compromisso do Brasil com o combate a discursos de ódio, racismo, pornografia infantil e ataques à democracia nas plataformas digitais, deixando claro que todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, devem seguir a legislação brasileira para operar no país.
Com a resposta contundente, o governo brasileiro sinaliza que não aceitará imposições unilaterais e que defenderá seus interesses econômicos e institucionais no cenário internacional. O Itamaraty monitora os desdobramentos e pode anunciar nos próximos dias as medidas de retaliação previstas em lei.