Iyalodè, palavra iorubá para “aquela que lidera”, nomeia a primeira temporada da websérie “Meios de Prosa”. Nela, quatro mulheres de comunidades quilombolas de Minas Gerais falam sobre os desafios de ser mulher, quilombola e negra, ocupando este espaço de liderança na articulação entre os territórios e a esfera pública.
A websérie, produzida pelo grupo de pesquisa Meios – Comunicação, Relações Raciais e Gênero da Universidade Federal de Viçosa (UFV), será lançada nesta sexta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e segue com o lançamento de um episódio por semana durante o mês inteiro, nas redes sociais do grupo e no Youtube. O trailer pode ser visto no vídeo abaixo:
No episódio de abertura, Maria Luiza Marcelino, 66 anos, mestra dos saberes de MG e liderança do quilombo urbano Namastê (Ubá), destaca a interseccionalidade na opressão de ser mulher preta, gorda, quilombola e de religião de matriz africana.
E afirma: “Sou tudo aquilo que a sociedade não gosta”. Efigênia de Castro da Gama Catarino, 73 anos, líder da Comunidade Quilombola de Fátima (Ponte Nova), enfatiza em sua fala a preocupação com os jovens da comunidade e a falta de oportunidades. “Agora nós lutamos com conhecimento. Trabalhamos muito na valorização da nossa cor, da nossa roupa e do nosso cabelo”.
Patrícia Diniz Moreira Alves, 44 anos, segunda capitã do Congo, e liderança do Quilombo Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis (Ribeirão das Neves), fala do desafio das mulheres passarem a ocupar o papel de líderes comunitárias:
“As mulheres sempre foram lideranças, elas organizavam, mas quem aparecia à frente eram os homens”. Outra liderança da temporada Iyalodè é Carina Aparecida Veridiano, 33 anos, da Comunidade Quilombola Buieié (Viçosa), que destaca sua motivação na luta: “É igual Umbuntu: eu sou porque somos. Se nós somos uma família todo mundo precisa viver bem, todo mundo precisa ter as coisas que dão dignidade para as pessoas”.
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A coordenadora do Meios, professora Ivonete da Silva Lopes, informa que a temporada é um recorte da pesquisa “Dos quilombos às favelas: mulheres negras, interseccionalidade e acesso às tecnologias da informação e comunicação”, apoiada pelo CNPq e Fapemig.
“Todas as entrevistas mostram como ao longo do tempo as mulheres têm sido essenciais na luta pelos direitos quilombolas. Elas falam das avós, mães, tias e outras mulheres quilombolas que as inspiraram a continuar na luta, apesar de racismo, machismo e outras discriminações”, finaliza.