Criada pela artista Rosana Paulino, o Museu de Arte do Rio vai hastear nesta quinta-feira (27) uma nova bandeira. A imagem tem como inspiração a obra da socióloga Lélia Gonzalez, em especial ao “Pretuguês” e a Espada de Iansã. A obra busca lembrar as mulheres negras o poder que a fala delas pode evocar.
A bandeira nas cores azul e vermelha tem a imagem de uma mulher negra com a planta espada de Iansã, que se assemelha a de São Jorge mas possui contornos amarelos, e a palavra “Pretuguês”. O termo cunhado por Gonzalez conta da confusão que existe na cultura brasileira de reconhecer-se e ser reconhecida como negra desde o modo de fala.
“É engraçado como eles gozam a gente quando a gente diz que é Framengo. Chamam a gente de ignorante dizendo que a gente fala errado. E de repente ignoram que a presença desse r no lugar do l nada mais é que a marca linguística de um idioma africano, no qual o l inexiste. Afinal, quem que é o ignorante?”, explicou Lélia Gonzalez sobre o “Pretugûes”.
A bandeira criada especialmente para o MAR remete a esse falar preto e também a cultura negra e africana no Brasil.
“A ideia da bandeira é de trazer elementos inerentes à cultura negra e, assim, discutir questões relativas ao racismo como o uso – e demonização, por algumas pessoas – dos elementos de poder ligados à cultura negra, como é o caso das plantas de Axé, representadas pela Espada de Iansã, Orixá feminino de grande força e presença na cultura afro-brasileira” contou a artista Rosana Paulino.
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A artista ainda conclui: “Ao trazer a frase de uma intelectual mulher, levantamos também a questão da presença e força feminina negra no país neste momento. Não seremos mais caladas. As palavras são a nossa força, daí o modo como aparece simbolicamente como “arma”, como espada e lâmina no formato da planta ritual que é a espada de Iansã”.