Em Curitiba, professora chama aluno negro de ‘Saci’

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Uma professora do Colégio Estadual Guarda Mirim, em Curitiba, no Paraná, chamou um aluno de ‘Saci’ durante uma “inspeção de barba” na escola. O caso aconteceu nesta quarta-feira (29) e o adolescente de 17 anos registrou ocorrência contra a professora por injúria racial. A identidade dela não foi revelada.

Eu cheguei do serviço e fui almoçar com meus colegas no colégio. Quando estava indo escovar os dentes, a professora passou fazendo inspeção da barba e me chamou de ‘Saci’ ao chamar minha atenção”, contou o estudante, que não quis se identificar, ao portal Banda B, que tornou público o caso.

O crime de injúria racial é quando a ofensa é direcionada a um indivíduo especifico. Já no crime de racismo, a ofensa é contra uma coletividade, por exemplo, toda uma raça, não há especificação do ofendido.

Ao tratar o estudando de ‘saci’, a professora compara o jovem ao “saci-pererê”, um dos principais personagens do folclore brasileiro e representado pela figura de um menino negro com uma das pernas amputadas.

Em entrevista ao portal Banda B o adolescente, contou que inspeções como esta são frequentes no Colégio Estadual Guarda Mirim. Após o episódio, diz ele, a barba foi aparada. “Eu fiquei em choque”, acrescentou o jovem, que estuda na instituição há pelo menos dois anos.

A Polícia Civil do Paraná disse que está “apurando o caso e realizando diligências para esclarecer os fatos. No momento, detalhes não serão repassados para não atrapalhar o andamento das investigações”.

“Eu fiquei em choque”, diz jovem vítima de injúria racial na escola

Você sabe por que o Saci tem só uma perna? 

De acordo com a lenda contada pela Chiara Conte, o Saci foi escravizado e teve sua perna presa para não fugir. Ansiando por sua liberdade, ele corta a própria perna para conseguir fugir. Por isso, o Saci Pererê não é só mais um personagem do folclore brasileiro, ele também é símbolo da força e da liberdade do povo preto.

O que diz a Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) do Paraná?

“A Seed-PR tomou conhecimento da situação às 17h desta quinta-feira (30) e, em apuração do fato junto à direção do Colégio Estadual Guarda Mirim do Paraná esclarece que:

Como todas as instituições de ensino (cívico militares ou não), Colégio Estadual Guarda Mirim do Paraná conta com regimento interno, no qual especificações a respeito da conduta social nas dependências do colégio estão dispostas. Uma delas diz respeito à preferência de os alunos da instituição frequentarem as aulas com barba e cabelos aparados. Tais especificações são regularmente repassadas pela equipe diretiva aos alunos;

Em revista de rotina, na última quarta-feira (29), a escola afirma que uma das professoras da instituição teria advertido, de maneira informal, um dos alunos a respeito da barba por fazer;

Sobre forma na qual tal advertência foi comunicada, o colégio afirma prezar pelo máximo respeito no tratamento com os estudantes e está apurando a situação junto ao corpo docente para melhores esclarecimentos da situação. A professora envolvida será remanejada para outra instituição até o término das apurações;

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