Uma decisão da Justiça determinou que uma empresa de eventos de Salvador pague quase R$ 40 mil para um jovem negro, que foi agredido por seguranças, sem a possibilidade de recurso. O caso aconteceu em 2019, durante o Salvador Fest, no Parque de Exposições, na capital baiana.
Segundo a decisão, o caso inclui discriminação e agressão. A justiça também julgou os acontecimentos como representação de uma falha na prestação do serviço e o evento, e o valor cobrado está associado aos danos morais e físicos, além de servir como medida punitiva.
Na época o jovem estava com 21 anos, e estava curtindo a festa quando decidiu encontrar um grupo de amigos próximo a um camarote. No entanto, ao chegar ao local, foi abordado de forma agressiva pelos seguranças do evento, que o jogaram violentamente no chão, que estava sujo de lama, e rasgaram suas roupas e puxaram seu cabelo, segundo relatos da vítima.
Além disso, tomaram-lhe o celular e o jovem foi arrastado para fora do evento com as mãos imobilizadas nas costas, sofrendo ainda mais violência física. Segundo a advogada da vítima, pessoas tentaram intervir na ação, mas não tiveram sucesso.
Sujo de lama e machucado por causa das agressões, o jovem voltou para casa e só prestou queixa na delegacia no dia seguinte. O celular da vítima, que foi confiscado durante as agressões, nunca foi devolvido.
Em nota, a Salvador Produções, representante da empresa de eventos, informou que utilizou todos os recursos cabíveis para apresentar sua versão dos fatos, mas a condenação foi inevitável. A empresa reforçou ainda que condena veementemente atos racistas e injuriosos, considerando-os uma afronta aos direitos humanos fundamentais.
Com a decisão, a justiça considerou que o ocorrido não foi só um caso isolado de agressão, mas também, um grave ato de discriminação racial.
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