Com show na Concha Acústica, em Salvador, no próximo domingo (20), a cantora Iza lança o edital “Entra na Roda”, em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e visa premiar pequenos negócios liderados por empreendedores negros, nas áreas de alimentação, entretenimento, beleza, moda e negócios de impacto social.
Durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (19), a cantora lembrou que a grande maioria dos editais é voltado para a região sudeste, principalmente para os estados do Rio e São Paulo. Ela lembra que este edital é voltado, em sua grande maioria, para iniciativas do Norte e Nordeste do país.
“Estamos garantindo que a maior parte dos inscritos nesse edital seja das regiões Norte e Nordeste. Fazer o anúncio disso em Salvador, no Dia da Consciência Negra é muito especial. Ser preto no Brasil é ser preto todo dia. Então, é mais um dia que vamos falar sobre ser preto e é uma coisa muito simbólica pra mim”, afirma.
Iza lembrou também que sua mãe é educadora e leciona até hoje em escola da rede pública municipal no Rio de Janeiro e ressaltou a importância do envolvimento de empresas na educação básica brasileira, fomentando educação de qualidade para crianças e adolescentes.
“Eu estudei em escolas que realmente me prepararam para tudo. Pra entrar na faculdade, etc. E quando falamos em escolas de muita qualidade, infelizmente, por conta do descaso do Estado com a educação pública, eu falo de escolas particulares. E as empresas têm um papel de retratação com as crianças negras, abrir portas para que elas tenham acesso a educação de qualidade. Além disso, investir na qualidade da educação pública”, comenta.
Ser negro no Brasil
Sobre o Dia da Consciência Negra, Iza lembrou as dificuldades de ser negro no Brasil e disse também que existem alguns códigos de conduta para pessoas negras se portarem em sociedade. “Ser negro no Brasil é ser sobrevivente. É impressionante o quanto de coisas que escutamos dentro de casa, para que sair na rua não seja tão nocivo como é para pessoas negras. É normal você ouvir sua mãe falar para não correr na rua de capuz, não correr com fone, não pendurar garrafinha e guarda chuva do lado de fora da mochila, não correr sem camisa. Se alguém passar perto correndo, nunca correr junto”, analisa.
Ainda segundo Iza, as pessoas negras no Brasil são sobreviventes a vários atos de violência e ela se viu na obrigação de agir para reduzir as dificuldades e desigualdades no país.
“A gente tem que ser sobrevivente de várias formas. Sobrevivente social, porque a sociedade limita nossos espaços e a nossa entrada na roda. Ser sobrevivente emocional, não tem como ter saúde mental no Brasil desse jeito. É muito difícil pra mim, não tem como. Saber que você pode morrer, só por ser você. É óbvio que a fama me afastou disso, exatamente por isso que me senti na obrigação de fazer alguma coisa de forma eficaz“, completa a artista.
“É muito fácil falar de feminismo de liberdade do nosso corpo quando eu tenho segurança, quando não ando mais de metrô, quando a minha vida é de outra forma mais fácil”.
O Show
O show será marcado também pela iniciativa de abrir portas e caminhos para o protagonismo cultural negro, onde o palco da cantora se torna uma ferramenta de acesso e empoderamento para artistas negros em ascensão na cena cultural afro-brasileira.
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Afrobapho, Jeff, Luiza Nascim, MC Tha, Nêssa, Raquel Reis, Uana e WD dividirão o palco com a voz, a dança e a excelência de jovens artistas pretos. A apresentação que antecede o show de abertura da cantora IZA será patrocinado por Devassa e marca as comemorações ao mês da Consciência Negra.
Depois do show de Iza, todos se encontrarão no palco para cantarem “Fé”, single recém-lançado pela cantora, e reforçarão a mensagem construída durante o espetáculo e pelo projeto “Entra na Roda”.
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