Indígenas Tupinambá fazem vigília no Museu Nacional e exigem devolução do Manto Sagrado

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A exigência é que o artefato volte para a Aldeia Mãe, localizada em Olivença, no distrito de Ilhéus. O manto ficou exposto mais de 300 anos na Dinamarca e retornou o Brasil em 2024. Além desse, os indígenas Tupinambá reivindicam o retorno de outros 10 mantos que continuam na Europa.

Na madrugada da última quinta-feira (03) até a manhã desta sexta-feira (04), os indígenas da etnia Tupinambá realizaram uma vigília atrás da biblioteca do Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, para protestar pela devolução do Manto Sagrado Tupinambá. O artefato estava na Dinamarca, exposto no Museu Nacional do país europeu por mais de 300 anos, e foi doado pelo governo dinamarquês para o Brasil para ajudar a recompor o acervo perdido com o incêndio que destruiu o Museu Nacional, em 2018.

Os indígenas da cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, viajaram até o Rio de Janeiro para reivindicar a devolução do Manto ao solo baiano. O grupo afirma que o objeto é parte da história da etnia e foi retirado da região em tempos coloniais e que agora deve retornar ao seu local de origem.

Indígenas Tupinambá fazem vigília no Museu Nacional e exigem devolução do Manto Sagrado – Foto: reprodução Cito

“Esse manto foi tirado de um baú de couro que ficava guardado na igreja Nossa Senhora da Escada, que foi construída com mão de obra escravizada indígena, já que ali era um assentamento jesuíta, e este manto estava guardado”, explica Bekoya Tupinambá, representante do Conselho Indígenas Tupinambá de Olivença (Cito)

O ativista também afirmou que quer começar um diálogo com o governo: “Nessa vigília, a gente vai deixar bem claro que quer sim um retorno, que quer começar um diálogo com o Estado, porque a gente acredita que assim como o governo do Estado se autodeclara indígena Tupinambá, que ele tenha esse diálogo com o povo, em assembleia e diante do conselho”.

O grupo de Olivença também reivindica o retorno de outros 10 mantos que continuam na Europa e segundo eles pertencem ao povo Tupinambá.

Em nota, o Conselho de Índigenas Tupinambá Olivença, informou que a vigília foi encerrada na manhã desta sexta feira (04) devido as questões climáticas no estado do Rio de Janeiro e agradeceu a todos pela contribuição de doações, presença e apoio logístico

Por questões climáticas no estado do Rio de Janeiro e pela necessidade de resguardar a saúde de nossos anciões, crianças e jovens, a II Vigília do Manto Sagrado Tupinambá será encerrada ao fim do dia desta sexta-feira, 4 de julho de 2025. A decisão foi motivada pela chegada de uma frente fria ao estado que provocou uma queda acentuada de temperatura, com sensação térmica negativa e frio intenso durante a madrugada.(…) Agradecemos profundamente a todas as pessoas, instituições e coletivos que contribuíram com doações, apoio logístico e presença”, afirma a nota.

A previsão era de que a vigília duraria até o dia 5 de julho.

Leia também: Museu Nacional recebe manto tupinambá após mais de três séculos na Dinamarca

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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