Uma comitiva de aproximadamente 60 lideranças indígenas, representando 18 povos do Mato Grosso e do Pará, está em Brasília para uma semana de agendas com os Três Poderes. O principal objetivo da mobilização, que segue até sexta-feira (24), é cobrar a proteção, a desintrusão e a demarcação de seus territórios tradicionais, além de contestar a constitucionalidade da Lei 14.701/2023, conhecida como Marco Temporal.
“Estamos aqui pelos nossos territórios”, declararam as lideranças ao chegarem à capital federal. A agenda inclui a participação em uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) e a entrega de um documento que pede a instituição da Comissão Nacional Indígena da Verdade (CNIV). A CNIV teria a missão de apurar crimes cometidos contra os povos originários durante a ditadura militar.

A delegação, formada por povos como Manoki, Arara, Xavante e Kayabi, entre outros, exige a retirada de invasores como fazendeiros, garimpeiros e madeireiros. “Somos vários povos, mas um só sangue: indígena. Estamos aqui para falar do que a gente passa lá nos nossos territórios, cobrar pelas nossas vidas”, afirmou o cacique Siravé Kayabi em entrevista ao Cimi.
Os indígenas também denunciam os impactos do agronegócio. “E ainda a gente ouve que o fazendeiro precisa ser indenizado para sair da nossa terra. Eles é que deveriam pagar pela destruição, pela matança dos rios, pela destruição da mata e pelo uso do mercúrio na mineração ilegal”, denunciou a cacica Rosines Manoki em entrevista ao Cimi.
Dados do sistema Sirad X, do Instituto Socioambiental (ISA), citados na matéria, ilustram a gravidade da situação: o desmatamento na Terra Indígena Cachoeira Seca, do povo Arara, cresceu 45% entre 2023 e 2024, passando de 795 para 1.149 hectares. A área queimada no local quase dobrou em 2023, reflexo da ocupação para pecuária.
A demora na regularização fundiária é apontada como um fator que agrava conflitos e causa uma crise de saúde mental nas comunidades. A comitiva ainda solicita que o Estado identifique e destine terras públicas da União para povos que hoje não possuem território.
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