Um estudo publicado em 2025 pela Revista de Comunicación, com mais de mil adolescentes entrevistados, revelou que as redes sociais causam impactos negativos à saúde mental das meninas, mesmo quando elas acreditam não serem afetadas. A pesquisa indica que a percepção de neutralidade frequentemente esconde efeitos psicológicos relevantes, como baixa autoestima e aceitação inconsciente de padrões reforçados por algoritmos.
A investigação avaliou os efeitos subjetivos das plataformas digitais entre jovens de 12 a 18 anos. Apesar de muitos participantes classificarem o uso das redes como “nem positivo nem negativo”, os resultados apontam uma diferença expressiva: meninas enfrentam maior impacto psicológico, mesmo sem identificar esse efeito de forma direta.
Os dados sugerem que essa sensação de neutralidade pode representar a normalização de pressões estéticas e sociais, frequentemente absorvidas sem questionamento. As adolescentes estão expostas a conteúdos que reforçam padrões de aparência e validação social, e, embora afirmem não se sentirem afetadas, os indicadores emocionais demonstram outra realidade.

No TikTok, por exemplo, jovens relatam maior liberdade de expressão, mas o algoritmo tende a reproduzir normas de gênero tradicionais, o que limita a autonomia. No caso do Instagram, os efeitos observados são mais voltados à dinâmica social do grupo do que à autoestima individual: a plataforma contribui para conexões, mas não eleva de forma significativa o bem-estar emocional.
Entre todos os dados analisados, apenas o bem-estar psicológico apresentou diferença estatisticamente relevante entre meninas e meninos. O achado reforça que, mesmo com uso semelhante das redes, as meninas sofrem maior impacto emocional. A maioria dos adolescentes, no entanto, demonstra pouca consciência crítica sobre os algoritmos e seus efeitos sobre a autonomia digital.
O estudo recomenda que escolas, famílias e plataformas digitais atuem conjuntamente para promover maior consciência digital entre os jovens. Também destaca a urgência de políticas públicas que levem em conta gênero e raça ao abordar saúde mental e ambientes digitais.
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