Primeira série originalmente brasileira a falar sobre o tema, nova série da Netflix aposta na representatividade da narrativa
Mais uma série sobre favela. Quem apenas ouviu falar e não se deu ao trabalho de assistir Sintonia, poderia caracterizar o mais novo produto da Netflix dessa forma. Mas não se engane, pelo menos nos seis episódios da primeira temporada, o que se mostra é muito além que mais um produto do gênero favela-movie.
Idealizada pelo principal nome da produção de clipes de funk atualmente, o produtor Konrad Dantas, popularmente conhecido como Kondzilla, e produzido pela Los Bragas, ‘Sintonia’ estreou no último dia 09, e foi um dos assuntos mais comentados do twitter.
A badalação em torno dos números de Kondzilla (o canal no Youtube tem 51 milhões de inscritos, é o maior do Brasil e o sexto do mundo) já atraíram atenção antes mesmo da série ser lançada. Todos queriam ver se o talento dos clipes alcançaria a ficção.
Sintonia conta a história de Doni (MC Jottapê), Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros). Três jovens que cresceram na fictícia comunidade de Vila Áurea, em São Paulo. A história aborda assuntos rotineiros de quem vive nas favelas e periferias do Brasil, como tráfico, preconceito e violência policial.
Nada de novo, a não ser pelo fato de Sintonia buscar retratar com mais fidelidade o universo da favela, seja pelos diálogos, repletos de gírias ou na ambientação, com cenas gravadas nas próprias comunidades de São Paulo. A originalidade está no retrato feito de dentro para fora. Em Sintonia percebe-se que não é o outro falando do desconhecido. A favela ganha voz através da sua própria narrativa.
Uma outra curiosidade que demostra essa representatividade buscada pela série é a integração de ex-presidiários ao elenco da série. Os intérpretes do núcleo do tráfico são oriundos de um projeto da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, de Guarulhos, que detentos tem a pena diminuída em troca de trabalhos ligados à arte.
Quando se trata de favela, o maior sucesso audiovisual que se tem lembrança de imediato é o longa Cidade de Deus, de 2002. Não se pode, querer comprar as suas obras, mas a semelhança na narrativa essencialmente brasileira com a valorização da cultura da favela, já nos faz torcer para que a Netflix confirme a segunda temporada de Sintonia.
Kondzilla tirou onda! Retratou a quebrada na real sem preconceitos! Falou de quase tudo, fora que deu trabalho para artistas da nossa cor!