“Tem que ser escravo”, diz homem em vídeo que viralizou com ofensas racistas na internet

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Um homem foi filmado gritando ofensas racistas na estação de trem de Deodoro, Zona Oeste do Rio, na última terça-feira (03). “Negro de merd4, tem que ser escravo o resto da vida” O caso teria ocorrido após um homem negro ter esbarrado nele.

O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rodrigo Mondego, afirmou em exclusiva para o Notícia Preta que levará o caso para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI).

No vídeo que viralizou é possível ouvir o homem que fala espanhol gritando ofensas racistas.

“Negro de m*rda, tem que ficar escravo. Escravo por toda a sua vida. Escravo, tem que ficar. Negro que acorda.. agora sou livre, tem que ficar escravo”, diz o homem no vídeo.

A testemunha que estava na estação contou o que viu em entrevista ao G1:

“Ele estava gritando, literalmente berrando, ofensas racistas. Ele estava se referindo a um homem que supostamente esbarrou nele, um homem negro, e ele não fez questão de disfarçar mesmo. Foram gritos muito altos e eu custei até a acreditar na situação. Acho que, por isso, eu demorei alguns segundos até pegar o celular pra gravar porque realmente estava inacreditável”, disse ela.

A testemunha conta que estava com uma amiga que tinha torcido o pé, então elas solicitaram ajuda dos guardas da Supervia. De acordo com ela, enquanto os agentes ajudavam, o homem já proferia ofensas racistas, mas os guardas não agiram.

A pessoa que presenciou a cena ainda relata que o homem estava acompanhado de uma mulher negra, ela conta que abordou a mulher pra saber se ela precisava de ajuda.

“Quando eu falo com ele, que eu o confronto, eu pergunto se ela precisa de alguma ajuda, se ela conhece ele, porque até então eu não tinha certeza se ela conhecia ou se era alguém que ele estava falando ali na estação. E ela diz, muito desconfortável, que era namorada dele”, disse a testemunha ao G1.

A testemunha informou também que relatou o ocorrido, mostrou o vídeo, o policial disse que iria averiguar, mas não sabia como proceder pois o homem que foi ofendido não estava presente. O NP entrou em contato com o procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB para saber quais os próximos passos serão tomados após a denúncia.

“Vamos acompanhar até que ele responda na justiça pelo crime”, respondeu Rodrigo.

Questionamos se no entendimento do procurador os policiais recebem treinamento adequado para lidar com denuncias de racismo, mas segundo ele, “infelizmente quase nenhum policial teve treinamento necessário para lidar com esse tipo de crime, seja os policiais militares na rua, seja os policiais civis nas delegacias. A exceção no RJ e a DECRADI” analisou.

A polícia militar orienta que as equipes sejam acionadas pelo 190 ou pelo aplicativo 190Rj. Segundo a Polícia Militar o Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) não foi acionado para o caso.

Em nota enviada à redação no NP a Supervia disse que não compactua com nenhum tipo de discriminação e repudia veementemente as falas ditas no vídeo.

A concessionária vai tomar as medidas cabíveis perante as autoridades competentes. Em situações como essa, todos os colaboradores da SuperVia são orientados a registrar o caso para apuração interna e posterior registro perante os órgãos responsáveis”.

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