O técnico de futebol Pep Guardiola, atualmente no Manchester City, clube inglês, emitiu uma declaração preconceituosa durante entrevista coletiva esta semana. Ao tratar sobre o tema diversidade, devido aos recentes casos de racismo no país, fez uma afirmação supremacista.
“Nossos… Meus filhos vão à escola com diferentes tipos de pessoas, pessoas indígenas, pessoas negras e pessoas normais. Com todos”, comentou calmamente o profissional com a imprensa. O trecho pode ser assistido (em inglês) neste link no Twitter: https://twitter.com/ sterlingmrch/status/ 1072569928291680262.
Apontado como o técnico mais revolucionário do futebol atual, Guardiola tem 47 anos, é espanhol, tem três filhos e também foi jogador. Em campo, consagrou-se campeão com a seleção do seu país nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, além de ter sido destaque do clube de mesmo nome da cidade.
O treinador, contudo, já tinha sido acusado de racismo este ano. O atleta marfinense Yayá Touré, que foi seu comandado na Espanha e na Inglaterra, realizou acusações contundentes à revista especializada France Football, questionando os seus critérios para escalar seus time.
“Eu até perguntei sutilmente sobre minhas estatísticas aos preparadores físicos. E, quando eu percebi que elas eram tão boas ou melhores do que daqueles que jogavam entendi que não era uma questão técnica. Eu não sou o primeiro a falar sobre essas diferenças no tratamento. Talvez os africanos nem sempre sejam tratados por algumas pessoas da mesma forma que os outros. Quando percebemos que ele muitas vezes tem problemas com os africanos onde quer que ele vá, eu me questiono. Ele finge não ter porque é inteligente demais para ser pego. Ele nunca vai admitir. Mas, no dia em que ele escalar uma equipe com cinco africanos não naturalizados, prometo que lhe enviarei um bolo”, atacou o futebolista, quatro vezes eleito o melhor jogador africano da temporada.
Na ocasião, Guardiola pouco falou sobre a questão. Após inicialmente negar se manifestar sobre as declarações de Touré, o treinador declarou ao canal TV3 que o atleta teve diversas oportunidades de se manifestar pessoalmente e nunca o teria feito.
“Ele sabe que eu não sou [racista]. O que você quer que eu faça? Estivemos juntos por dois anos, ele teve 365 dias e depois outros 365 dias para expressar seus sentimentos. Não é importante, nada acontece”, pontuou o técnico.
No final de semana passado, um atleta negro do Manchester City, o atacante inglês Raheem Sterling, foi vítima de racismo. Segundo estudo da ‘Kick Out’, uma instituição que combate a discriminação no futebol, houve um aumento de 22% nos casos de racismo na Premier League, o campeonato inglês. Guardiola se posicionou sobre o episódio.
“O racismo está em todas as partes. Imigrantes, refugiados… Como tratamos essas pessoas, tendo em vista que nosso avós foram refugiados… Está em todas as partes. Temos que lutar todo dia. Aprecio o que fez o Chelsea [afastou por tempo indeterminado os torcedores responsáveis], se tivesse acontecido no meu clube faríamos o mesmo”, havia pontuado o técnico em outra entrevista.