Após denúncias, Google retira jogo de escravidão da loja, mas game continua ativo

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Com as crescentes denúncias contra o jogo “Simulador de escravidão”, da MagnusGames, que faz do usuário um “proprietário de escravos” e incentiva não só a comercialização mas também a tortura de pessoas, o Google Play Store retirou o aplicativo do ar na tarde desta quarta-feira (24). Ele ainda aparece no sistema de aplicativos do Google, mas não é mais possível baixá-lo.

Ainda sim, quem já baixou o jogo no smartphone, consegue jogar. Ainda é possível também visualizar todos os detalhes sobre o jogo expostos pelos programadores. Apesar de oferecer aos usuários a possibilidade de “trocar escravos, comprar, vender, extrair lucro do trabalho, e evitar rebeliões e fugas”, o jogo aparece com a classificação livre. Ou seja, qualquer um poderia baixá-lo.

Apesar do jogo dizer que condena escravidão na vida real e que foi criado “para fins de entretenimento”, a relativização e o incentivo à prática revoltou internautas, como o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) que afirmou que vai entrar com uma representação no Ministério Público, por crime de racismo.

“Entraremos com representação no Ministério Público por crime de RACISMO e levaremos o caso até as últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis”, escreveu o deputado no Twitter. “A própria existência de algo tão bizarro à disposição nas plataformas mostra a URGÊNCIA de regulação do ambiente digital”, escreveu ele na redes sociais.

Com a repercussão, o nome do jogo chegou aos assuntos mais comentados do Twitter com uma série de críticas e comentários de indignação. “Os desenvolvedores desse jogo deveriam ser presos por racismo”, diz um internauta.

Leia também: Jogo que simula a escravidão e incentiva tortura é denunciado por internautas

O Notícia Preta entrou em contato com o Google, que enviou a seguinte nota:

“O aplicativo mencionado foi removido do Google Play. Temos um conjunto robusto de políticas que visam manter os usuários seguros e que devem ser seguidas por todos os desenvolvedores. Não permitimos apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas. Qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as nossas regras pode fazer uma denúncia. Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas”.

O Ministério da Igualdade Racial propôs a construção conjunta de medidas que contribuam para um filtro eficiente para que discursos de ódio, intolerância e racismo não sejam disseminados com tanta facilidade e sem moderação em espaços virtuais.

O MIR também informou que tem uma reunião agendada com a área de responsabilidade do Google para construir uma moderação de conteúdo antirracista, assim como tem feito com outras big techs para a construção de um ambiente seguro e saudável na internet.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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