Furadeiras domésticas são utilizadas em cirurgias em hospital de São Paulo

globo-canal-5-20250205-1654-frame-259206.avif

Hospital Pari, Centro de SP, fornece aos médicos furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas — Foto: TV Globo

Vídeos gravados dentro do Hospital Nossa Senhora do Pari, em São Paulo, causaram indignação da população na última quarta-feira (05). As imagens divulgadas denunciam o uso de furadeiras domésticas, aquelas que geralmente são utilizadas para furar paredes e outras manutenções caseiras, para fazer perfurações em processos cirúrgicos de ortopedia.

Nas gravações, é possível ver marcas de sangue e até mesmo fio desencapado. Segundo relatos de funcionários, o uso do equipamento é comum em todas as cirurgias ortopédicas realizadas no centro cirúrgico que é credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e que o local não dispõe do equipamento correto para esse tipo de serviço.

“São de cinco a nove furadeiras que têm na casa, são as comuns que você compra para perfurar a parede. Algumas têm até raspada a marca, e tem umas que são passadas (fita) isolante no cabo. Outras eles mesmos (médicos) reformaram”, relatou um funcionário do hospital, em entrevista ao portal G1 que, por segurança, optou por não se identificar.

Hospital Pari, Centro de SP, fornece aos médicos furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas / Foto: TV Globo

O uso desse tipo de equipamento foi proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2008. “A Furadeira doméstica não apresenta controle da rotação; pode aspirar partículas de osso para seu interior; Não pode ser esterilizada; A lubrificação a óleo pode contaminar o campo cirúrgico; Não está protegida do risco de descarga elétrica”, destaca trecho da nota técnica emitida pela instituição na época.

Em nota divulgada pela TV Globo, a diretoria do Hospital Pari disse que os perfuradores utilizados por eles são aprovados pela Anvisa, e que são fiscalizados periodicamente pelos órgãos competentes. O Conselho Regional de Medicina, por sua vez, disse que acionou o departamento de fiscalização e que investigará o caso.

Já a  Prefeitura de SP disse que não há denúncias contra o hospital e que, se comprovada qualquer irregularidade, o contrato pode ser rescindido. Além disso, informou que o alvará sanitário é de responsabilidade do estado.

Procurado pelo Notícia Preta, o Governo do Estado de São Paulo disse que o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo realizou inspeção no Hospital do Pari, na última quinta-feira (06), e que durante a fiscalização, foram encontrados equipamentos e materiais esterilizantes regulares, incluindo furadeiras cirúrgicas. 

O Hospital do Pari foi notificado para apresentar documentos complementares solicitados pela autoridade sanitária. O CVS realiza fiscalizações periódicas em unidades de todo o Estado“, afirmou em nota.

Leia também: Colégio tradicional de SP suspende 34 alunos suspeitos de praticar bullying 

Erick Braga

Erick Braga

Formado em jornalismo no ano de 2023 pela Universidade São Judas Tadeu,criado no interior da Bahia e residindo desde 2012 em São Paulo, acredita no jornalismo profissional como ferramenta de transformação social e combate a desinformação.

Deixe uma resposta

scroll to top