O Fundo Agbara, primeiro Fundo Filantrópico de Mulheres Negras na América Latina, em parceria com a Rede Comuá, Rede de Filantropia e Justiça Social, vai lançar nesta sexta-feira (29), o lançamento do e-book “Histórias da Filantropia Negra que Transformam Comunidades”.
O material contará cases de instituições que já receberam aporte do Fundo. Em entrevista ao Notícia Preta, a gerente executiva do Fundo Agbara Rosana Fernandes, falou sobre o lançamento do e-book.
“Como Agbara tem como missão sustentar e fortalecer o exercício de direitos econômicos de mulheres negras, com este e-book pretendemos compartilhar com todo o mundo, como lideranças femininas negras têm impactado significativamente comunidades ao redor de todo o Brasil“, afirma.
Ela também destaca os outros objetivos do material.
“Além da visibilidade e de fortalecer o protagonismo, queremos inspirar ativa mais iniciativas, fortalecer a conexão entre redes de mulheres negras e também mostrar ao mercado, investidores, organizações públicas e privadas, como tecnologias sociais disruptivas e inovadoras , mesmo em cenário de escassez estão tendo ótimos resultados e poderão, com mais apoio, financiamentos e diferentes modelos de recursos, podem ajudar ainda mais no combate às desigualdades e promoção de justiça social e econômica“.
O lançamento faz parte de uma série de eventos e atividades promovidas em setembro, o “Mês da Filantropia que Transforma”, idealizadas pela Rede Comuá. Produzido no formato online, Rosana afirma que dessa forma, o material tem potencial de chegar em muitas pessoas.
“Esperamos que o alcance deste material ultrapasse fronteiras locais e alcance diferentes públicos, como: comunidades e lideranças negras, para que possam se inspirar, reconhecer potencialidades de suas iniciativas e comunidades ao encontrarem relatos próximos ou similares ao que estão vivendo em seus territórios“.
A gerente executiva do Fundo Agbara destacou também que espera que o material chegue a agentes que praticam filantropia, como fonte de conhecimento, e em lideranças e potenciais investidores, que a partir do e-book, invistam nessas e outras iniciativas.
O download gratuito do e-book pode ser feito, a partir desta sexta-feira (29), no site: https://fundoagbara.org.br/
Casos presentes no e-book
Um dos casos apresentados no e-book é a Revista Aquenda, fundada em 2017 na capital paulista. O grupo nasceu com a intenção de criar e implementar projetos para a inclusão e o empoderamento da comunidade LGBTQIAPN+ e de mulheres afro indígenas periféricas. Com o apoio do Fundo, centenas de pessoas já foram capacitadas pela organização, que fomenta empreendedores nas áreas de moda, corte e costura, marketing e comunicação, oferecendo qualificações alinhadas à indústria cultural e economia criativa.
Até dezembro de 2023, a organização tem como meta ampliar em 35% o atendimento a pessoas LGBTQIAPN+ e mulheres afroindígenas. Com isso, pretende expandir os seus projetos locais, estabelecendo colaborações com programas governamentais de aceleração e parcerias com instituições de ensino e educação. Um dos focos centrais é potencializar a formação de empreendedores por meio do curso de Transmutação Têxtil, que engloba o ensino de corte e costura e incentiva abordagens criativas por meio do reaproveitamento de materiais.
Já no estado da Bahia, o Coletivo Guerreiras Sem Teto, na cidade de Simões Filho, e o Instituto Rainhas do Mar, em Santo Amaro, são outras iniciativas que receberam o apoio do Fundo Agbara e têm impactado positivamente a vida de centenas de pessoas.
O Coletivo Guerreiras Sem-Teto, que surgiu a partir do Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB), foi formado em 2005 para enfrentar conflitos cotidianos e combater a violência contra as mulheres. Entre as suas ações se destacam a Marcha das Guerreiras Sem-Teto e a criação da cooperativa Guerreira Zeferina, visando geração de renda e a autonomia de mulheres periféricas.
Com foco na luta por moradia digna, fortalecimento do trabalho de base e formação política, o MSTB concentra suas atividades na Região Metropolitana de Salvador, bem como em algumas cidades do interior do estado. O Coletivo também investe na educação para geração de renda por meio de cooperativas e empreendedorismo feminino, além de criar espaços educativos e culturais nas ocupações, promovendo debates, feiras de saúde, escolas comunitárias e hortas coletivas.
Em Santo Amaro, o Instituto Rainhas do Mar visa erradicar as vulnerabilidades sociais e conscientizar a população de seu potencial transformador. Com atuação na região do Recôncavo Baiano, priorizando a comunidade pesqueira e quilombola de Acupe, a organização dedica esforços para cuidar do meio ambiente e fortalecer o desenvolvimento socioeconômico, estimulando a autonomia comunitária.
O Instituto Rainhas do Mar oferece orientações sobre direitos urbanísticos e ambientais, além de auxílio na elaboração de planos e projetos populares. O diferencial do Instituto é a conexão profunda com o seu público alvo, que é o protagonista, já que a organização é concebida por pessoas que vivem nas próprias comunidades, o que resulta em um entendimento genuíno de suas necessidades.
Sobre o Fundo Agbara
O Fundo Agbara é o primeiro Fundo Filantrópico de Mulheres Negras para Justiça Racial da América Latina, cuja missão é lutar por dignidade humana, equidade racial e de gênero, por meio da promoção de acesso a direitos econômicos para o público-alvo: mulheres negras individuais, coletivos e organizações de mulheres negras, oferecendo capacitação técnica e política sobre raça, gênero/feminismo e meio ambiente, além de apoio financeiro. Desde a sua criação, o já captou mais de R$ 3 milhões, impactando diretamente a vida de mais de 2.500 mulheres negras. Além disso, apoiou financeiramente 197 iniciativas, realizando 159 ações desde 2020 até agosto de 2023. Entre essas ações, destacam-se programas formativos, transferências de renda, formações livres, consultorias, jornadas anti-racistas e o Festival Agbara da Mulher Negra.
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