Um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado, que monitora a utilização de armas de fogo em vários Estados brasileiros, mostra que Salvador (BA) e a Região Metropolitana da Cidade registraram 107 tiroteios no mês de novembro deste ano e soma 93 pessoas baleadas. Deste total, 31 tiroteios foram relacionados a operações policiais.
O mês de novembro ficou marcado pelo alto número de tiroteios que resultaram de perseguições realizadas pelas polícias. Foram 6 casos que deixaram 7 vítimas. 6 delas morreram. Segundo o relatório, foram casos “que deixaram a população em situações de exposição e insegurança”.
Para Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, a política de segurança não privilegia a proteção dos cidadãos. “A perseguição policial não deveria ser uma estratégia de segurança pública, porque deixa as pessoas do entorno expostas. O caso do tiroteio na Avenida Garibaldi, registrado no dia 25, é emblemático. Uma perseguição numa das principais avenidas da capital que terminou com quatro pessoas baleadas e levou insegurança para milhares de cidadãos. Que política de segurança é essa que leva medo, risco e pânico para as pessoas?”, questiona.
Ainda de acordo com o relatório mensal do Instituto, realizado em parceria com a Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, das 93 pessoas atingidas, 74 morreram e outras 19 ficaram feridas. Ao todo, 25 pessoas eram negras, duas brancas e 66 não tiveram o recorte racial informado.
O levantamento também fez um recorte de gênero das pessoas baleadas neste período e revela que 84 eram homens, 6 mulheres e 3 pessoas não tiveram o gênero identificado ou divulgado. Os eventos de tiros aconteceram nos municípios de Salvador, Simões Filho, Camaçari, Candeias, Dias D’ávila, Lauro de Freitas, Itaparica, Pojuca, São Sebastião do Passé e Mata de São João. Sendo que, Salvador e Camaçari apresentaram maior quantidade de tiroteios, sendo 72 e 8, respectivamente.
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Esse é o quinto relatório do Instituto Fogo Cruzado na Bahia. Os dados também estão disponíveis na API do instituto, onde podem ser consultados de forma aberta e gratuita. O aplicativo funciona de forma colaborativa e anônima com registro de dados e informações sobre tiroteios e violência por arma de fogo.
Por meio das informações coletadas e de um mapeamento ativo, o Instituto realiza o levantamento e faz a contabilização, especificando as localidades e os recortes dos dados (chacinas, balas perdidas, tiroteios e outros indicadores). O mapeamento pode ser acompanhado diariamente através do aplicativo disponível para Android e iOS ou no Twitter.
Sobre o Fogo Cruzado
O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida. Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.
Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.
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