Como os filmes atuais têm influenciado na identificação de pessoas pretas

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Por Lívia Marques*

Dois filmes que foram aguardados com muita expectativa por tantos de nós, pessoas negras do Brasil, e do mundo, foram: Mulher Rei e Pantera Negra: Wakanda para Sempre.

E, ao pensar saúde da população negra, é simplesmente impossível não pensar em resgate da potencialidade de uma população tão fortemente desumanizada e apagada em suas potências, cultura, humanidade e identificação.

Foto: Divulgação/Marvel

Viola Davis veio ao Brasil para um grande lançamento e, ao falar em Wakanda, vários eventos acontecendo por todo país e no Mundo. Um movimento de pessoas negras sorrindo, comentando sobre arte e não sobre dores de violências. Mas de diálogos de muita emoção, daquelas emoções boas, de orgulho!

Histórias que presam pela proteção da ancestralidade, do não apagamento da história, pela luta contra o tráfico de escravos, a força feminina é destaque também, impossível não pensar nisso.

Mas pensar em força não me parece desumanizar essas pessoas, haja vista que durante o processo de escravização do povo negro e da história do Brasil, pessoas negras foram tratadas e entendidas como pessoas sem nenhum tipo de valor humano e de sentir. O sentir é inacessível, algo inviável para aqueles que não fazem parte de um grupo de opressores que seguem a ordem do colonizador. 

Ao pensarmos e trazer uma Psicologia antirracista, uma das questões que são de extrema importância é o fato de que pessoas negras não sejam apagadas e invizibilizadas. 

Quando se diz: “Representatividade importa” é sobre resgatar a potência apagada e desvalorizada. Entendida como ruim por muitos e que hoje, infelizmente, há chancelamento por alguns. Sim, ainda há esse chancelamento, que nos leva ao racismo e tantas violências vivenciadas pela população negra.

Pontos, como:

  • Autoestima;
  • Defectividade;
  • Fracasso 
  • Identificação

Podem ser alguns a serem abordados ao pensar sobre os dois filmes. Quando dialogamos com a saúde mental da população negra, a exclusão de espaços como acesso à cultura, ao lazer, a ter referenciais que não fossem inferiorizados, são demandas de não pertencimento constates em eventos, rodas de acolhimento, atendimentos e por mensagens pelas redes sociais.

Leia também: Eu também já fui aquele “pretinho vendo tudo do lado de fora”

Mulher Rei e Pantera Negra emocionaram muitas pessoas e é incrível perceber quantas pessoas sentem e se permitem à emoção, o sentir emoção e perceberem o quanto estão encantadas de se sentirem pertencentes em histórias que nos eleva dentro de nossas narrativas de força, cuidado, afeto e resgate.

Psicóloga Clínica com especialização em Terapia Cognitiva Comportamental e MBA em gestão de Pessoas. Também é escritora, consultora, palestrante e Estudiosa em Relações Raciais- A saúde mental da população negra.

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