Festival Literário das Periferias (Fliperifa) estreia no Recife (PE) com atividades gratuitas

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O Festival Literário das Periferias (Fliperifa) estreia no Recife com “O Direito à Literatura” como tema da 1ª edição, em homenagem às escritoras nordestinas Inaldete Pinheiro, do Rio Grande do Norte, e Odailta Alves, de Pernambuco, ambas mulheres periféricas que atuam na literatura brasileira. A programação começa neste sábado (18) na capital de Pernambuco.

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O evento ocorre em três locais, ocupando espaços culturais nas comunidades da Torre (Rioteca), Pina (Livroteca Brincante do Pina) e Ibura (Associação da Tancredo Neves)  e também nos dias 25 de maio e 1º de junho. O projeto também vai até as escolas municipais das respectivas localidades. 

O movimento possui acessibilidade comunicacional, com intérprete de libras nas atividades artísticas. O festival é gratuito, sendo necessária a inscrição para as oficinas, com direito a emissão de certificado, sendo 30% das vagas são destinadas às pessoas que movimentam diariamente a área da educação pública. (inscreva-se – bit.ly/4btyy5Z)

A programação tem atividades como rodas de diálogo e formações em espaços arte-educativos, intervenções da “Malateca” em três escolas municipais, uma em cada bairro contemplado pelo projeto, e recitais de poesia. A Malateca consiste em uma biblioteca viva e itinerante, transportada em malas de viagem. Foi criada em 2018 pela pedagoga, arte-educadora e mediadora de leitura Magda Alves. As intervenções são marcadas por trocas e distribuição de livros, varal de poesias, recital poético e contação de histórias.

Fliperifa é um projeto de arte e educação idealizado pela pedagoga, arte-educadora e produtora cultural Palas Camila e aprovado no edital Multilinguagens Recife Criativo, da Lei Paulo Gustavo (LPG) do Recife – Secretaria de Cultura/Fundação de Cultura da Cidade do Recife.

O Direito à Literatura defende que todas as pessoas tenham acesso à arte, principalmente às expressões literárias. O Festival Literário das Periferias visa compartilhar o papel das comunidades recifenses nos debates sobre a literatura. Estamos perpetuando a arte nas zonas sul, leste e oeste da cidade do Recife e consideramos que os encontros são uma troca cultural entre essas regiões, além da expansão de saberes e conhecimentos”, destaca Palas Camila, também coordenadora geral.

A poeta, cantora e compositora pernambucana Bell Puã fez a curadoria literária do festival. Ela é cria do movimento Slam das Minas PE. Além do mais, é autora de três livros: “É que dei o perdido na razão” (2018), “Lutar é crime” (2019) – finalista do Prêmio Jabuti em 2020 – e “Nossa História do Brasil: Pindorama em poesia”, lançado em 2024.

Espera-se, assim, potencializar as expressões literárias nas zonas periféricas como uma forma de mudança social, mediante o incentivo à leitura e à escrita, entendendo também a importância da periferia traçar suas próprias narrativas”, pontua Bell.

Vale ressaltar que as rodas de diálogo e as formações movimentam os espaços educativos das periferias diretamente com arte. Os encontros sempre serão coroados com Slam (recital de poesia), evidenciando a tradição oral como ponto importante dentro das comunidades. As ações dispõem de uma produtora atitudinal e de uma intérprete de libras.

A abertura, dia 18 de maio, acontece na Rioteca (bairro da Torre) com a roda de conversa “O Direito À Literatura” — convidadas Inaldete Pinheiro e Odailta Alves e mediação de Bell Puã —, pela manhã, a oficina “Poesia Cantada” (mediação de Adelaide Santos), no turno da tarde, seguido pelo Slam – Recital Já Pá Rua, presente em todas as datas do festival.

O Recital Já Pá Rua é uma homenagem a Japa, poeta das ruas recifenses que teve sua vida interrompida precocemente. Andreyvson Richard da Silva foi um artista marginal que fazia das ruas, praças e coletivos o seu palco diário, recitando e espalhando arte pelo centro da cidade. O Já Pá Rua também é idealizado pelo poeta e multiartista Sofio, que resgata a memória de Japa e dá continuidade ao seu legado por meio do recital aberto para quem quiser declamar poemas ou competir com suas criações poéticas na modalidade slam.  

No dia 25, a Livroteca Brincante do Pina recebe o segundo encontro do Fliperifa. No período da manhã, roda de conversa “Escrevivências na cidade do Recife”, trazendo Karinne Costa como convidada e o convidado Marcondes FH, além da mediação de Amanda Timóteo. A movimentação segue à tarde com a oficina “Conhecendo a Literatura Marginal Contemporânea”, que é mediada por Patricia Naia, e o Slam – Recital Já Pá Rua, respectivamente.

O mês de junho, dia 1, começa na Associação da Tancredo Neves, no Ibura, onde o Festival Literário das Periferias faz a sua culminância com a roda de conversa “Caneta de Mulher Escrita é Sobrevivência” (convidada: Priscila Ferraz; convidado: Elke Falkonier; mediador: Marcone Ribeiro), pela manhã, a oficina “Rima – Entre a Escrita e o Freestyle” (mediação: Original Lety) e o Slam – Recital Já Pá Rua, respectivamente, à tarde.

A maioria absoluta da equipe do festival é formada por mulheres: Jéssica Jansen (coordenadora de produção e produtora local da comunidade do Bode), Tássia Seabra (produção local do Ibura e comunicação), Mila Barros (produtora atitudinal), Magda Alves (idealizadora da Malateca e comunicação), Thays Medusa (fotógrafa), Vânia (alimentação), Jaks Interpretações (intérprete de libras), além das homenageadas Inalde Pinheiro e Odailta Alves, da curadora literária Bell Puã e da idealizadora e coordenadora Palas Camila. Também integram o time Eduardo Gomes (produção local – bairro da Torre) e Daniel Lima (assessoria de imprensa).

Pérolas negras

O Festival Literário da Periferia reverencia mulheres negras nordestinas que são referências artísticas nacionais.

Inaldete Pinheiro de Andrade (1946), que vive em Pernambuco há mais de cinco décadas, é enfermeira sanitarista, fundadora do Movimento Negro do Recife e ativista do combate ao racismo, além de escritora, ensaísta e vigilante dos direitos humanos incluindo a justiça ambiental. Sua arte tem contribuído para a constituição de uma bibliografia voltada para o ensino da História e das culturas africana e afro-brasileira, que estão nas manifestações pernambucanas e nordestinas. Entre suas publicações literárias estão “Maracatu de Real Realeza”, “Escritos das Escravidões” e “Uma Aventura do Velho Baobá, todas de 2021.

Odailta Alves (1979), além de escritora, é educadora, atriz e ativista dos Direitos Humanos, com ênfase em práticas antirracistas. Nasceu na comunidade de Santo Amaro (Recife/PE). É vencedora nacional dos concursos de poesia “Da Casa de Espanha” (2016) e do “Elas por Elas” (2019). Em 2022, ganhou o prêmio Penalonga de Teatro de PE, com o seu monólogo Clamor Negro. Ela tem oito livros publicados, entre eles “Clamor Negro” (2016), “Letras Pretas” (2019) e “Afrochego: poemas para acalentar meu povo” (2023).

Ficha técnica

Homenageadas: Inaldete Pinheiro @inaldetepinheirode e Odailta Alves @odailtaalves
Idealizadora do projeto e coordenação geral: Palas Camila @palascamila
Curadoria literária: Bell Puã @bellpua_
Coordenadora de produção e produtora local da comunidade do Bode: Jéssica Jansen @jessic4jansen
Produção local do Ibura e comunicação: Tássia Seabra @tassia_seabra
Produção do bairro da Torre: Eduardo Gomes @eduagomes
Produção atitudinal: Mila Barros @milabarrospinta
Idealizadora da Malateca e comunicação: Magda Alves @magmangue
Fotografia: Thays Medusa @medusa_tr3
Alimentação: Vânia Silva @vaniams22
Assessoria de imprensa: Daniel Lima @daniel_sal94
Intérprete de libras: Jaks Interpretações @jaksinterpretacoes

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