Construído coletivamente por aproximadamente 35 profissionais da imagem, o Festival traz diferentes narrativas visuais da cidade de São Paulo
Aproximando territórios historicamente segregados o FIP – Festival de Imagens Periféricas realiza a sua primeira edição em São Paulo, de 01 de março a 06 de abril. Em ambiente online, o festival mostra diferentes narrativas visuais da cidade de São Paulo por meio da imagem, trazendo a pluralidade cultural representada por artistas e fotógrafos que vivem em regiões do centro e da periferia da capital.
Com a temática Imagens Periféricas, a proposta do festival é provocar ações que fluam em mão dupla – da área central para a periferia e da periferia para área central da cidade – reforçando para que haja a quebra do trânsito existente entre território e as relações sociais. Na programação, uma série de atividades como: diálogos, oficinas, desafios, exposições de lambes e projeções perpassam o ambiente da fotografia e seguem também, como ferramenta de conhecimento, expressão e transformação.
Construído coletivamente por aproximadamente 35 profissionais da imagem – fotógrafos, agentes culturais e produtores – de todas as regiões de São Paulo, o Festival de Imagens Periféricas chega como mais uma ação artística social, que visa estimular a participação do público a ocupar espaços, periféricos e centrais da cidade, por meio de intervenções artísticas.
O Festival de Imagens Periféricas foi contemplado pelo Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc Nº 40/2020, promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, tendo como proponente a produtora cultural Illumina Imagens e Memória.
Diálogos
A partir do compartilhamento de ideias e informações sobre o universo da fotografia, os Diálogos acontecem de 01 a 05 de março, abrindo as atividades do Festival. Organizados por temas: Cultura, Memória, Gente, Morada e Sobrevivência, os cinco encontros online, trazem diversas abordagens fotográficas, em especial debates sobre a representatividade visual periférica, seja em relação ao espaço ou ao tempo. A transmissão será realizada pelo Youtube e Facebook do Festival, sempre às 19h.
Culturas Resistentes
Segunda-feira 01/03 às 19h
Com a presença dos coletivos DiCampana, representado pelo Gsé, Lentes Periféricas, representado pela Deh Coutinho, somado a João Kulcsár, Nego Júnior e Sheila Signário, trazem as experiências e a leitura de seus acessos e fazeres culturais através de registros, relatos pessoais e atuações coletivas.
A ideia não é explanar o todo, seria impossível, mas adentrar alguns mundos tradutores desse íntegro periférico. Também não é definir o que é periferia ou centro, não são muros físicos que separam esses espaços, mas ao discutir culturas periféricas essas divisões virtuais passam a se desenhar em nossas mentes.
Memórias de um tempo de luta
Terça-feira 02/03 às 19h
As imagens que consumimos diariamente nos ajudam a relembrar e nos sensibilizam em relação à memória e história, mas muitas vezes, essas mesmas imagens produzem notícias falsas ou mostram apenas uma face dos acontecimentos. Neste Diálogo, os fotógrafos Allan Cunha e Léu Britto, moradores da periferia de São Paulo, mostram aos participantes sua visão sobre a rotina de quem utiliza o transporte público na cidade de São Paulo e sobre as condições de moradia dos habitantes das periferias. A conversa também traz uma reflexão sobre atos políticos das ruas, pelo olhar de Márcia Zoet e do R.U.A Foto Coletivo (Jardiel Carvalho e Rodrigo Zaim), que produziram ensaios fotográficos sobre estas manifestações. A Yara Dines também participa com um ensaio fotográfico do Ilu Oba de Min.
Delicadeza dos seres
Quarta-feira 03/03 às 19h
É sobre trazer histórias de pessoas, de gente que brilha, trabalha e sorri. Gente que sofre, que caminha olhando para o céu ou olhando para o chão. Gente que reza, que canta e dança. São retratos, objetos, detalhes, espiritualidade, cenas do cotidiano, movimento, fotografias de pessoas que passam por nós deixando rastros, luz e sombra.
A conversa traz Preta Pretinha e Anna, mãe e filha do Coletivo Fridas Comunica e Fotografa; Carmen Negrão; Eliária Andrade; Sylvia Masini e Júlio César.
Território do eu
Quinta-feira 04/03 às 19h
Dentro da realidade pandêmica que estamos vivendo nos propomos a fotografar nossa morada, nosso lugar de maior existir hoje em dia. Fotografamos nossas casas, nosso eu interior, nosso sentir, nosso subjetivo, nossa poesia, nos influenciando uns aos outros conforme as imagens iam surgindo. É em nossa morada que, nesse momento, interno e externo perdem seus limites e fazemos dela nosso território, o nosso território do eu.
O papo sobre esta imersão acontece com: Evelyn Ruman, Mariana Raphael, Raphael Poesia, Silvia Zamboni e Tina Gomes.
Sobrevivendo, por enquanto
Sexta-feira 05/03 às 19h
Em uma sociedade dividida em classes sociais, marcada pela escravidão, com sequelas do patriarcado, coronelismo e ainda atropelada por uma pandemia, sobreviver é o mesmo que continuar vivo, mas com violências sentidas na pele, com a fome rondando as casas e com o medo como fiel companheiro.
Este papo leva o tema sobrevivência até outros corações e mentes, com fotos e vídeos produzidos por Fernando Solidade, Jardiel Carvalho/R.U.A, Mônica Zarattini, Noite, Paulo Tertuliano e Sheyla Melo, seis fotógrafos de diversas regiões de São Paulo, onde as imagens revelam o seu verdadeiro eu, na denúncia, na poesia ou na insistente busca por resistir.
Oficinas
Com o intuito de ampliar o pensamento crítico sobre fotografia e ressaltar o olhar artístico, as cinco oficinas promovem a inclusão digital e a preservação da memória da periferia. Jovens a partir dos 16 anos podem se inscrever até durarem as vagas. As oficinas acontecem de 09 a 19 de março.
Fotografia e autoria para iniciantes
Com Allan Cunha | Vagas: 30
Dias 09 e 16 de março | Das 9h às 12h
Requisitos: A partir dos 16 anos
Inscrições aqui
O encontro tem como objetivo apresentar aos participantes processos técnicos, históricos e filosóficos da linguagem fotográfica, debater referências e discutir caminhos sobre autoria e expressão na fotografia. A câmera fotográfica é uma reveladora de universos, de sentimentos, de denúncias, entre outras coisas. A fotografia como aliada de nossa história e da manifestação dos nossos olhares sobre aquilo que vivemos, sentimos e queremos conhecer.
Fotografia de Moda profissional e de baixo custo
Com Túlio Vidal | Vagas: 20
Dias 11 e 15 de março | Das 19h às 22h
Requisitos: Conhecimento básico de fotografia. Equipamento de fotografia semiprofissional ou celular
Inscrições aqui
Esta oficina pretende elaborar um passo-a-passo de um ensaio de moda profissional, com ênfase no planejamento e na busca por equipamentos alternativos de baixo custo. O que caracteriza um ensaio profissional não é a quantidade e qualidade de equipamento, ou número de profissionais envolvidos, mas sim o método, o processo.
Retratos e Processos criativos
Com Tina Gomes | Vagas: 23
Dia 11 de março | Das 11h às 13h
Requisitos: A partir dos 16 anos
Inscrições aqui
A proposta da oficina é fotografar retratos incluindo na composição elementos de arte, artesanatos e sucatas que tem em sua casa e tudo mais que imaginação permitir. Pensar e trabalhar a luz artificial ou natural, cuidar da pós-produção em programas de edição e principalmente ativar o processo criativo para contar uma história ao produzir um retrato.
Fotografando seus produtos com o celular
Com Júlio César | Vagas: 20
Dia 20 de março | Das 16 às 20h15 com intervalo de 1h
Requisitos: Preferência para empreendedores e empreendedoras pretas e pretos
Inscrições aqui
Essa oficina é para quem possui produtos incríveis, mas sente que as fotografias poderiam ser melhores. Venha aprender a criar imagens que valorizem seus produtos e alavanquem a divulgação nas mídias sociais.
O que é Antropologia da Imagem?
Com Yara Schreiber Dines | Vagas: 20
Dias 10, 12, 18 e 19 de março | Das 19h às 21h
Requisitos: a partir dos 16 anos
Inscrições aqui
Venha aprender o que é Antropologia da Imagem! Você quer saber como fotografar comunidades, famílias, grafiteiros, skatistas, práticas esportivas, rituais afro-brasileiros, baladas e outras festividades, galera? Apareça neste curso para aprender e entender o foco e a importância de valorizar culturas específicas e saberes diferentes de grupos sociais e comunidades!
Desafios e Exposição
Inspirados nas temáticas dos Diálogos, o FIP lança desafios para quem aposta no seu trabalho. De 23 de fevereiro a 22 de março, acontece o Desafio, onde aproximadamente 145 fotografias serão selecionadas para compor exposições a céu aberto.
Em formas de lambes, as imagens irão ocupar as quatro regiões da cidade (norte, sul, leste e oeste), onde os 500 metros de muros, espalhados pela cidade, se transformam em uma grande exposição de fotografia artística.
Para participar publique uma ou mais fotos em seu perfil pessoal do Instagram com a hashtag geral #fip_desafios e com a hashtag do tema que melhor definir cada imagem. As opções são: #fip_cultura; #fip_gente; #fip_memoria; #fip_morada; #fip_sobrevivencia
O formulário para inscrições e todas as informações você encontra aqui
Projeções
Outra maneira de ocupar a cidade com a arte da fotografia, em tempos de pandemia, é por meio de projeções. No dia 06 de abril, às 19h30 o Festival de Imagens Periféricas alcança uma das principais avenidas da cidade de São Paulo, a Avenida Consolação com a rua Caio Prado. A ação encerra a primeira edição do Festival com duas horas de projeções, com transmissão online.
Além de ser uma oportunidade para muitos fotógrafos e fotógrafas exporem seus trabalhos pela primeira vez, a atividade também é uma reivindicação à cidade pela periferia e nada melhor do que imagens periféricas ocupem ruas e prédios do maior centro econômico da América Latina.
Gostei muito do que li.Nao conhecia notícia preta.